29.7.14

Queda livre das águas

A chuva que lava os olhos
É a mesma que lava a terra
Mundos molhados de rios em busca do mar.

Casciano Lopes

Em off

Meu silêncio...
Canta, murmura
Chora, soluça
Ou... simplesmente silencia.
Nos seus agudos
Aprendo ralentar calado.

Casciano Lopes

Do que é cíclico

Era o tempo que cozia as cãs
E o tinto tão da moda era cru.

Ao ponto apaga-se o fogo
E acolhe o Universo quem dele brotou.

Casciano Lopes

Até que se expire


Fio durável

Na costura da linha o pano esgarça...
O tempo não.

Casciano Lopes

Isca calada

Que a pesca não assuste os peixes e que os gritos não desviem o curso dos rios.

Casciano Lopes

Teimosia moralista

Nos vestem camisas pesadas
Nos colocam abotoaduras nas mangas
E teimam em apertar os colarinhos
Quando tudo que queremos é andar nus
De frouxos cintos até que se dispam as pernas
Dentro do caminho das levezas.

Casciano Lopes

Visto um livre por aí...

Das vergonhas pouco tenho o que dizer
Não possuo capacidade de entendê-las
De modo que penso ser um desavergonhado.

Casciano Lopes

Angustura de tristura

A mesma correnteza que desce cantarolando o desfiladeiro
Chora soluçando as barrancas do triste, da tristeza hospedeiro.

Casciano Lopes