A poesia teve medo... viu a garça triste na beira do lago e o lago tão triste quanto sujo e sem poesia ...teve medo A poesia ficou medrosa viu a praça se despir de gente e o banco tão triste quanto nua a poesia ...teve medo A poesia se curvou amedrontada viu velhos sem lenços de embalar clamor e suas veias saltadas quase sem tinta e pena ...tiveram medo, perdendo a cor
Ela teve medo... A poesia A que faz da letra triste verso E de verso triste ...Poesia.
Não há choro longo que não se dobre E que não se encurte num poema numa linha de poesia.
Cuidado com os excessos; no cuidar, no preocupar, no delegar, no controlar, no limitar...
Não raras vezes o exagero se converte no retrocesso de seu Eu, no inverso de suas palavras, tornando convexo o caminho reto, deixando sem nexo sua direção e perplexo você se perde dentro do próprio coração.
Já passei por abismos quase sepulturas e estreitas pontes como que linhas puídas furtavam meu passo...
Sobrevivi para dizer que de fato o que não mata nos fortalece.
De tudo restou a graça de poder dizer que ainda é possível acreditar, de que quando tudo parece terminar ainda pode se recomeçar.
Aprendi que os amigos são mesmo os irmãos que o coração escolheu e que os dedos de minhas mãos contam os meus, antigos e presentes que ainda dão conta de meu hoje.
Aprendi que a família é um patrimônio caro e que nos ais ou no cais é ela que põe a mesa, que seca a lágrima, que guarda a calma em tempestade até que se acalme.
Aprendi que só existe um amor capaz de abrandar a vida da gente, uma vez só ele acontece e será o suficiente para justificar uma vida inteira, um amor em forma de gente que cuida e encorpa a alma da gente e que faz da estrada algo coerente. Subidas e descidas compartilhadas em par de asas, gêmeas que sabem fazer possibilidades de voos traçados e orientados na troca de olhar.
Alma é coisa do verbo amar... amor, uma conjugação de mar, do amar quase sem dor, do doer e sempre amar.
em que se comemora a morte do outro... é bandido em que se agride a vida do outro... é pecador em que se dilacera a história do outro... é imoral em que se perturba o silêncio do outro... é incômodo
Mundo em confusão numa agitação de mundos
sentimentos torpes de uma humanidade falida, perdida e desprovida de qualquer essência que cheire bem, que queira bem ou que traga nas veias a corrente do bem... do bem que um dia fomos e que trouxemos aqui para fazer.
Quem mede a dor da ansiedade? Da curiosidade que a porta de um consultório divide Quem mede? Da agonia que faz do acompanhante um paciente Da intranquila pulsação que faz arrítmico um coração Da falta de notícias que traz uma mente em corpo de boatos Quem mede? Quem faz dos céus um pequeno mundo e do chão um poço sem fundo? As horas que se esticam e os ponteiros que perdem a calma explicam: Que se do lado de dentro a vida briga com a morte Do lado de fora a paciência briga com a sorte E atrás de futuro... ...Segue ambulância Conclui-se que a vida precisa ser tomada Abrigada, acreditada Então, tudo entra no compasso O coração entra no passo O céu ganha espaço e o chão vira mundo bom.