8.7.16

Com os anos

Entendemos que os dentes denunciam a nossa idade,
entendemos que os cabelos se não nos abandonam mudam de cor,
entendemos que cambalear não é mais apenas uma questão de bebedeira,
entendemos que a audição adquire a difícil tarefa de omitir sons,
entendemos que a visão recebe o dom de encurtar o caminho,
entendemos que as bolsas ao redor dos olhos não são mais sinônimos de baladas,
entendemos que as mãos reduzem seu poder de força,
entendemos que toda a pele se vinca em verdadeiros vales,
entendemos que a virilidade quando nos abandona nos deixa menos alegres,
entendemos as dores e inclusive lamentamos que a memória esqueça de tudo... menos delas... das dores.
No entanto, tão logo entendamos, precisamos adaptar a estrada,
colocar barras de proteção e sustentação por toda ela,
que essas barras [arrimos] tenham bases para suportar o toque das mãos que passam a ser leves e que o chão suporte os anos de um caminhar mais lento.
Que no intervalo entre o entender e o aceitar tenhamos aprendido a dizer sim mesmo diante de um não, que tenhamos de fato adquirido a sabedoria, sabendo que ela também pesa, porém, é o que nos fará levantar voo.

Casciano Lopes

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