23.10.19

Há momentos sem endereço

A escrita perde as mãos e as letras a valsa
A partitura sem maestro deixa triste a composição que passa
A canção fica estranha em busca de ritmo no terraço
Miúdas notas procuram linhas e espremem-se nos espaços

Até os pássaros procuram assobios para cantarolar
A bailarina passos para em palco encenar o seu bailar
O realejo sem bilhetes deixa acamado seu mensageiro
E o baile sem motivo deixa mudo dançantes e sanfoneiro.

Casciano Lopes

21.10.19

Endereço

Há dias
que moramos
onde moram
os silêncios.

Casciano Lopes

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Primavera de 2019



São 7 ciclos de 7 anos completados
Gratidão Ao silêncio que me ensina sua calma
Aos encontros com o espelho meu
Às certezas que viram dúvidas
Às respostas que viram perguntas
À intolerância que me posiciona
Aos sagrados templos: corpo, lar e Terra
À poesia que me apazigua
À busca da coerência que me doutrina
Às diferenças que me tornam ímpar
Aos Mestres que me orientam
Às dificuldades que me dão caminhos
Ao meu complemento divino Carlos Amor
Aos meus amados Pais portais de luz
À vida que continua vibrando pulso.
Gratidão
Casciano Lopes
49 brindes com milhares de motivos.

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Brisa poética

Que a poesia nos encontre
No bailar das janelas ao vento
Na inspiração das cores do silêncio
E nos mundos que não se gastam em palavras.
 

Casciano Lopes
A imagem pode conter: pássaro, planta e atividades ao ar livre

Complemento Divino

Juntos cruzamos oceanos
Atravessamos mundos
Navegamos inteiros para em parte
Nos sentirmos todo e parte dele.

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Semeador

Deixo aos queridos
Um punhado de amor nas mãos
Semeie feito semente
Há de brotar punhos fortes
... E capacidades
Porque é capaz o amor
Tudo pode o olhar comprometido com ele.

Casciano Lopes

10.10.19

Passagem e passageiro

De tão humanos
Perecíveis
Falíveis
Nos amedrontamos em folhas
Nos escondemos em amarelos
Sem nos sabermos fortes adubamos o tempo
E ele se fortalece
Senhor, plácido e paciente
Não passa...
Passamos nós
Por ele.

Casciano Lopes

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3.10.19

Em primavera capaz

Hoje a Terra me trouxe o frescor da sombra
... No abraço acolhedor do amigo
Hoje a Água me trouxe o perfume da calma
... No colo abrigo do amigo
Hoje o Ar me trouxe o silêncio da alma
... No olhar generoso do amigo
Hoje o Fogo me trouxe o ritmo da dança
... No coração aquecido do amigo.
 
E são muitos...
A grande mãe que me sustenta
Cedeu seu quintal para a festa
Meu coração então virou aldeia
E suave corre a alegria pelas veias.

Bebida que se entorna
Para banhar de poesia
O tempo que não se contorna
E lavar de cheiro a vida que se inicia.

Casciano Lopes
Em gratidão aos que pisaram com reverência em minha aldeia
03 de outubro de 2019
Em primavera capaz
49 anos em gratidão

 

25.9.19

Gosto das perguntas...

O questionamento me movimenta,
me coloca na busca,
me vira do avesso
e me põe em posição de luta,
me insere no aprendizado
e me desloca do repouso.

As respostas, ao contrário,
me acomodam,
me confortam no assento,
me imobilizam na rede de balanço
e me apequenam no já saber,
me menosprezam.

Prefiro vida em páginas dedadas,
sujas e gastas de dúvidas
que capas empoeiradas
guardando brancas páginas
de verdades e suas máximas.
Só são portas as escancaradas.

Casciano Lopes

Amém

Onde não cabe

opinião e pensamento...

Não vinga

 A árvore da evolução.

Casciano Lopes

 

24.9.19

Caminho de bolso

Por vezes me encolho
Me apequeno em um tempo
Junto quase nada e parto
Viagem longa para pouco corpo
Sem malas, sem relógio de marcar...
Só a bússola que toca o norte
E me oriento todo
Fico grande
Diante do maior ainda.


Casciano Lopes

A imagem pode conter: 1 pessoa, sentado

18.9.19

Hoje sob copas

Os ciclos se findam
Se renovam...
O ontem deixa de amedrontar
A palavra ferina perde o fio
Todo o intento vira bento
Quando no olhar, do lado de dentro
Mora um tempo de flores
Um templo de Ser
De flor e ser
Ser flor no caminho
Florescer com jeitinho
Sabendo o perfume
Que se guarda em ninho.


Casciano Lopes


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24.8.19

Consideração em precisão

É sagrado todo chão
Toda forma de ser irmão
Sagrada toda casa, plantação
Todo abraço e aperto de mão

Benta toda invocação
Santo todo sim e todo não
Todo corpo em construção
É templo em restauração

Sacra é toda criação
Divina liberdade é sermão
Felicidade é toda obrigação
Onde sorrir e seu direito é oração

É gratidão
É vida em canção
É sagrado sim o casarão
Um globo carente de união

... sem desrespeitar a individualização.

Casciano Lopes

23.8.19

Minhas vidas atendam o clamor da primavera!

O que move meu compasso
Meu passo e meu círculo
Meu ciclo e roda
Minha rota em elipse
Meu eclipse em esfera
Minha fera em pasto
E meu vasto campo
Nada casto
Incasto
Nefasto por vezes
Reveses...

São os dias e meses
Em que acredito
Ora aflito, ora bendito
Que é possível primaverar
Verbo de banhar campos

Que eu possa em tantas vidas
Por fim florir
Existir em copas maduras
Como fazem em clausuras
Diante do algoz
A voz da floresta
Que apaga a rasura
Que seu chão infesta
E gentil se empresta
Se refloresta em resistência
Me ensinando existência.

Casciano Lopes

26.7.19

A folha com as letras de escrever

Aos que me adormecem em poesia
Deixo um brilhante...
Um sol ao amanhecer
Aos que me despertam em caligrafia
Deixo um enluarado
Um luar de olhar

Olhar e olhar de lua
Entender que vira noite o dia
Dia a noite
E permanece a palavra
Com sua forma de dizê-la
A poesia.

Casciano Lopes

5.7.19

Espelho meu

O que reflete na idade
É cada vez mais a luz solar
Não que a maturidade afaste o lunar
Mas paramos de refletir para iluminar.

Casciano Lopes

Descuido ou descaso?

Procura-se acaso
Que se comprometa
Com o caso do humano

Mesmo que para tanto
Deixe de ser acaso

Ocasião de ocaso
Onde o homem deita
Sem pressa ou prazo.

Casciano Lopes

Psiu

Em todo o tempo
Vigie o silêncio
Ele costuma
Ser barulhento.

Casciano Lopes

3.5.19

De onde vem a calma

Eu procuro
A calma todo dia
Todo dia
Dependuro a espera
Estico nos varais
A fala mansa
Dou duas voltas
Na fechadura do silêncio
E sussurro para a pressa
Que não se apresse

Todo dia
Acalma em mim
Mais um tanto de ontem
Todo dia
Dorme em mim
Um tantinho de amanhã
Todo dia
Eu espero de mim
O sorriso do espelho
De quem cumpriu mais um dia.

Casciano Lopes

21.2.19

Trama

Quando alfinetamos alguém
Precisamos nos questionar...

Não teríamos perdido nossos aviamentos?
Não teria sido subtraída nossa caixa de costura?
Não teríamos esquecido em outra estação nossos tecidos?

... Pode ser que só tenham nos sobrado alfinetes
E por não se conseguir coser, esquecemos o bom conviver

Entre nossos alfinetes e o pano de fundo do outro
Existe o delicado bordado,
Onde um empresta a linha, o outro a agulha, o outro o pano

Bordar é feitura, afugentar é romper
Costurar é cura, alfinetar é adoecer.

Casciano Lopes