11.1.24

O que arde tem nome... O meu

Temos todos guardados sob a nervura dos tecidos, incandescentes erupções com avisos de perigo, prontas pra entrarem em atividade e por em estado de lavação toda a montanha gelada de nossas afirmações polidas, causando temperaturas elevadas em nossos veios de diplomacia. Temos todos fervuras, bravos ímpetos e opostos da candura que agitam o solo só porque também somos terra, sujeitos e interpelados por intempéries, gélidos picos prestes a derreter sem brandura...
Todos temos...
Ilusão desiludida, conversão atrevida, vontade inibida e desvio de rota; sim, aqueles instantes em que tentamos convencer a subida de que ela é descida e que quando, de fato, vira descida, fugimos dela como refugiados, porque nosso vulcão em atividade faz fogo do que era passeio...
Somos vindas e idas, algo retocado de calma e pressa, objeto da ação ao mesmo tempo em que sujeito, oração, verbo e conjugação, um amontoado de tempos, excessos e faltas...
Somos um altar ecumênico, cheio de santaria, fé e incredulidade, milagre e promessa... Idolatria.
Voto descumprido, garganta seca se fingindo de molhada e boca de saliva desejosa disfarçando cisterna abastecida.
Somos lava, magma procurando veias que suportem nosso calor, que desmintam nosso amontoado de palavras vãs.

Casciano Lopes

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