31.5.22

Crime da rua das palavras

Quando o carteiro rasgou o portão lá de casa, empunhado de uma carta, tropeçou nos meus degraus e caiu por cima das linhas afiadas.
Eu, da janela riscada de ansiedade, saudade e pesaroso da queda tudo ao mesmo tempo, balbuciei um endereço pra descobrir o remetente e sem que o envelope respondesse um selo em sinal ao destinatário, achei que era grave.
Me apressei feito telegrama e abri a porta como quem tem pressa de escrever notícia: quando encontrei na varanda uma poça de letras vazando um homem curioso com um envelope rasgado na mão.

Casciano Lopes

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Seu comentário é muito bem vindo, após aprovação será publicado.