11.7.24

Falar ainda não depende

Eu não quis depender, mas dependo.
Do abraço ao sorriso, do cheiro ao toque, da mão ao auxílio, do braço ao colo, da paciência ao ouvido... eu dependo.
Dependo até de mim! Talvez a maior das dependências... a do meu amor por algo maior que eu e que vive dentro de mim, capaz de me enxergar quando o espelho me nega presença, algo que me recorda que não sou daqui, que me remete como carta nas mãos do vento; quando me descubro objeto quase inanimado, mas que voa...
Enfim, dependo de voo, de esperança no desconhecido, de coragem diante do medo bruto, aliás, luto pra que a brutalidade não me embruteça demais diante da guerra que travo todos os dias contra a dependência de quem fui, na ânsia da independência de quem serei amanhã.

Casciano Lopes

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