3.7.24

Residência móvel

Embora saibamos que embaixo de nossa pele mora a finitude dos ossos, lutamos pela carne; pra que ela se mantenha minimamente conservada para abrigar nosso morador, como um imóvel que locamos e zelamos pra morar.
No tempo da moradia, colorimos nossas paredes, retocamos as rachaduras pra que não fuja o melhor de nós e zelamos da vontade de permanecer; pra que ela entenda que em todo o tempo estaremos de mudança, passando, viajando, e que, o importante não é fixarmos o endereço no corpo, é enquanto estivermos nele, saber partir um pouco por dia sem perder a reverência pelo abrigo.
Nós nos deixamos pelo caminho... atitudes, palavras, olhares, abraços... pedaços que servirão pra que outros se componham e no dia de finalizar a estadia, levaremos apenas a essência de quem fomos, o amor que semeamos e o que em nós plantaram suas evidências, levaremos o zelo do aprendizado e o apelo cumprido no dividir daquilo que jamais possuímos... o nosso mundo, particular e infinito.

Casciano Lopes

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