22.8.23

Ócio por falta

Já parou pra pensar que há alguém?
Nos incômodos de uma palavra salgada, encardida, desbotada.
Num olhar sem esboço, imóvel, engasgado sem pupilas pra falar.
No silêncio dos ouvidos sem partitura, descompassado e lerdo de faltas absolutas.
No desajeitado tato sem tato, no desequilíbrio bambo dos dedos ou na fartura de escassez das mãos.
No grito da intuição quando cala, na cor negada quando o seu cheiro é percebido ou quando uma sobra é sentida e logo desperdiçada?
Pode ter alguém...
Alguém que só reclama um coração que possa ouvir a distância e que seu bombear, bata lá e cá, marcando em dois tórax distintos, um tempo de compromisso que dispense sentidos falhos em sentimentos que ainda não sabem abraçar.

Casciano Lopes


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