5.8.23

Radiografia

Há o que me salva todo dia....
Que me tira da poça fria e úmida das perversidades, inclusive minhas, que me abre um mundo de possibilidades; há. Que me recoloca no curso de mim, ao meu encontro e tendo meu 'eu maior' como destino planejado.
Há o que me coloca portões, mas também há o que devolve a liberdade e me ensina o segredo das chaves.
Há um pedacinho de terra firme, sequinha de bondades, inclusive minhas, há.
Podem chamar de cozinha, poesia, música boa, fotografia, terapia, filosofia, árvores com passarinhos, barulho de água e vento, estradas compridas e cumpridas muitas vezes em encontros que a razão não explica, trilhos com seus trens e estações quase sacras, teatros cheios em espetáculos memoráveis... Há!
Sabores, cores e odores; que perfumam meu chão, colorem a visão e atiçam a fome nos pratos que me levam como que pra um jardim, aliás, há os jardins... Que me ensinam que o cuidado pode render flores em mim.
Ah! Há também: café com taiada de queijo, uma tara de pão caseiro, uma roça, uma fazenda, um boi no pasto, uma jaca no pé da árvore, um cachimbo no caminho do beiço, um moinho na varanda, um torrador no terreiro, forno de barrro, benzedeira, galinha no poleiro, santa na parede com os olhos nas mãos; cuidando do menino arteiro.
Tem eu pequeno, em meu interior há tanta salvação!
Há sim, o que me salva de mim.
Há um menino.

Casciano Lopes


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