31.8.23

Caso em páginas

Passou tanta história por minha aldeia!...
Me lembro de frases inteiras escorrendo por minhas portas, letras que me esperavam nos caminhos e palavras que se banhavam despudoradas no açude perto de casa, parágrafos que preenchiam os espaços do quintal esperando oração, capítulos que se avolumavam provocando edições nas linhas que nasceram pra serem escritas.
Pontuações...
Vírgulas que me espreitavam, interrogações que colocavam dúvida na certeza toda, muitos 'dois pontos' na pausa pra explicar, que enumeravam razões pros pés de amoras tingirem o chão que morava comigo.
Ainda escrevo histórias... De velho quando era criança, de criança, hoje que sou velho, e de casos e rompantes metidos a volumes. Por isso é que mantenho um texto, e que hajam cestos pra guardar o tempo de contar, sem perder jamais: a ponte daquela estrada, que encontrava a aldeia, que cruzava sua gente de cachimbo e fumaça de pitar a proteção à leitura das mãos, que se protegiam pra contar.
E é por isso que ainda conto.

Casciano Lopes


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