Eu moro aqui junto das corujas
Que me ensinaram ver tudo com olhos grandes
Junto aos relógios dependurados e as adagas embainhadas
Junto do trem de ferro que só viaja na lembrança... aqui
Eu moro com uns pequenos de um mundo invisível...
Não pra mim.
As cirandas e as palmas, o rodar das saias, também vivem aqui
Se prenderam neste tempo de arame farpado uns bons modos
Que ainda teimam em resistir, mora tudo aqui
Um pouco de poesia, música, amigos imaginários
Um compadre de duendes e fadas
E um ninho habitado por estações ferroviárias
Mora tudo aqui, e eu...
Moro todo.
Casciano Lopes
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