Na calada da noite quase nua Na calçada com a lua, quase rua Uma crua criança recua Calada insinua fome, não era mútua De posses só a ausência era sua.
Quando desço a ladeira do mundo Sou terra dividida, poeira soprada Pedra rebolada sem quina para estancar Água sem rumo certo fugindo de lobos e suas bocas
Quando subo a ladeira do mundo Sou o próprio céu, estrela vira alimento O bruto pedregulho assento e a terra Cabe na palma da mão calando os uivos.
É a poesia que me convence Sua letra que me investiga Sua pele sempre nua que me veste É achar que não posso tê-la Que faz de mim um perseguido Pelas ruas brancas, sem rabiscos Que ela insiste em povoar Com gritaria de criançada Com marmotas na calçada E eu colono, obedeço.
Quando um buraco de agulha Me alargo para passar o fio Se arco da porta da cidade Me abaixo para estancar o rio E assim vou dizendo em maiúsculas O que calaram os minúsculos. Casciano Lopes
Se na esquina da menina houver bancos Sente-se e espere chegar a mulher Retas perguntadas, rotatórias duvidadas Respostas em intersecções ...E então entenderá onde se esconderam as paralelas Antes que em curvas de pedradas se perdesse. Casciano Lopes