21.12.15

Veio de calçada

Quando o vento dobra a avenida
e seu frio lambe a calçada
não me resfrio,
coloco a garganta no varal
e espeto o coração no meio-fio.

...Sai o sol,

tudo é estendido e aquecido,
até o asfalto me molha com seu suor
e fica entendido que a lua não parte

e se me parte...

Tem a clave dependurada na fiação,
aquecendo as vocais empoleiradas
e se acaso chover,
brotam vogais das corredeiras nuas,
o peito vira jangada
onde palavra não é coisa emprestada.

Casciano Lopes

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