28.9.17

IntensIDADES


Em 2012, conheci de fato o significado de Amor e Gratidão. Não que tenha me tornado um Ser excepcionalmente grato e amoroso, mas desde então, o Reiki me ensina todos os dias a magia destas duas palavras. Procuro em meu viver e a cada nova idade centrar-me e orientar-me na Gratidão e Amor ao Todo e já não tenho nenhuma dúvida, de que esta é a única maneira de evolução e crescimento de meu Eu e por isso, manifesto aqui toda a minha gratidão ao Universo Reiki por dar significado a cada uma de minhas condutas.

Sempre me considerei e ouvi de outros a afirmação, ser uma pessoa estressada, radical, amante dos extremos, perfeccionista, detalhista, metódico, exigente, chato, extremamente observador e crítico... Penalizei muitos ao longo da vida com essas características e posturas, tanto assim que ao longo de 46 anos fiz poucos amigos. Justificava e simplificava tudo isso me denominando apenas como uma pessoa prática e dinâmica.

Com meu trabalho terapêutico descobri que também vitimava a mim mesmo; talvez eu fosse meu principal alvo. Sabotei-me por anos e puni-me por cada atitude que julguei incorreta e em tantas outras me prevaleci daquilo que julgava qualidade para me castigar, pensando assim ter encontrado um caminho para não repetir erros. 

Na verdade comecei a observar que tudo isso não passava de um ego aflorado e entendi que precisava praticar o verdadeiro desapego. Não aquele que a maioria entende como dar o que possui de material aos mais necessitados, desprendendo-se do ter. A partir de então deixar meu ego de lado com toda sua vaidade pessoal tem sido uma meta diária, árdua e necessária meta. Busco sim o ter, porém não posso permitir que ele me tenha e jamais o possuir a qualquer custo pode comandar minhas iniciativas, a preocupação maior deve manter-se no ser, ser mais humano ao mesmo tempo consciente do quão divinos todos somos.

Compreendi que a maior caridade devia englobar-me e também que quando essa caridade era proclamada não passava de vaidade. Vaidade inclusive que era o que movia a defesa que eu usava quando criticado ou questionado por meu comportamento e que me fazia responder: eu nasci assim, sou assim e morrerei assim... Síndrome de Gabriela.

A paz interior junto com o Tempo é o bem mais precioso de que dispomos.

Precisei conhecer o trabalho da energia ascensional para despertar um novo olhar; mais piedoso, cúmplice, contemplativo, de apreço e carisma pelo Todo, por tudo que me cerca, mas principalmente por mim mesmo. Este novo olhar, me mostrou que sou Divino, uma extensão de tudo o que há no Universo e que tudo que há nele, existe em mim e vice versa.

Compreendi que procurar ser melhor seria um bom caminho para me encontrar com o espelho e selar um acordo de paz comigo mesmo e que isto refletiria nas minhas relações, porque estamos todos interligados.

De fato quando nos propomos a trabalhar com cura, primeiro devemos nos curar e como canais da energia Reiki, precisamos estar livres e desobstruídos de tantos traumas e bloqueios emocionais que acumulamos ao longo da vida.

Ao aprendizado diário e conhecimento da energia cósmica sou grato, bendito o encontro com Mestra Grace que tão amorosamente confiou a mim essa vibração e que trouxe a frequência de luz e amor para a minha convivência.

Desde então, pessoas passaram por meu consultório e agradeço a todos pela confiança em meu trabalho e por todo o aprendizado que também me trouxeram.

Tenho cursado um verdadeiro intensivão terapêutico, fiz a primeira iniciação Reiki em 2012 e em 5 anos foram 7 cursos, incluindo 2 mestrados; mas só nestes 10 últimos meses conheci de fato o que ensinava aos meus alunos e pacientes, um super estágio... Com muito aprendizado prático que se soma ao teórico na função única de ser melhor, não melhor que o outro e nem de alcançar o topo do mundo, mas de ser melhor que eu mesmo fui ontem e o topo a alcançar deve ser o meu próprio, da minha pirâmide evolutiva.
Continuarei meus estudos dentro das possibilidades, aprender não ocupa espaço e sempre busquei o conhecimento como uma das formas de valorização da vida. Para ensinar é preciso aprender.

Sei que muito ainda falta e a longevidade deve ser apreciada como uma oportunidade de melhorar cada dia.

Agora entendo o que significam as falas que tanto usei em consultório:

-        É obrigado? Diga não obrigado.
-        A melhor viagem é a que fazemos para dentro de nós mesmos.
-        Você deve olhar o medo de cima para baixo, pois no dia que acontecer o contrário, terá perdido o controle sobre ele.
-        Sinta a dor do outro sem deixar que ela se mude para dentro de você.
-        Se a dor do teu vizinho não doer em você a sua doença é mais grave que a dele.
-        Se não amar a si primeiro, o amor que você oferece ao outro é deficitário.
-        Faz parte da cura o desejo de ser curado.
-        A cura deve acontecer de dentro para fora.
-        O novo olhar, mais contemplativo e doce, deve começar por você e para você.
-        Quantas vezes já disse a si mesmo que se ama, hoje?
-        Perdoe e seja grato, principalmente a si mesmo.
-        A mágoa cria raízes e deves revolver constantemente a terra do coração.
-        A ofensa pertence ao ofensor, a menos que a receba.
-        Não existe certo ou errado e sim pontos de vista diferentes.
-        Como te tratam é carma deles e como reages é teu.
-        Só por hoje.

Sempre fui amante do silêncio e defendia-o até com a fala de que temos dois ouvidos e uma boca para ouvir mais e falar menos, hoje vejo no silêncio uma ferramenta para a meditação que cura minhas certezas e elabora as minhas dúvidas. Nem sempre posso falar e locomovo-me com maior facilidade dentro dessa realidade por ter em tempo apreciado a calma da mente. Por anos convivi com uma mente barulhenta e até mesmo aprendi a ler mentes barulhentas em bocas fechadas. Tudo me foi útil e entendi que nada de fato se perde e não há aprendizado desnecessário nesta fisicalidade.

Minha vida sempre girou nos extremos; intenso talvez seja a palavra que sempre me definiu. Quando deixei de lado o que me disseram que era religião depois de 2 batismos: um católico quando bebê e um protestante aos 12 anos. Ora, em nenhum estive presente já que a consciência ainda era guiada. Foi um maço de cigarros vestido em bolso transparente de uma camisa social a forma encontrada para comunicar aos familiares a decisão... Com ela ganhei um vício que já dura 26 anos.

Quando jovenzinho me apaixonei perdidamente, à primeira vista, por todos os namorados que tive e eram todos príncipes encantados. O fato é que sem cavalos ou com, tive de relacionamento aberto à vitrine expositora das avenidas onde fiz exibição da figura.

Aos 12 anos me apaixonei por fotografia e tive a primeira máquina fotográfica, de lá para cá, são 50 mil fotos arquivadas numa coleção de 35 anos... Exagero? Não, intensidade. Hoje ainda viajo por cada uma das imagens; me são terapêuticas quando passeio por sua magia, a de tornar vivo e eterno um momento, uma HD externa que auxilia a memória emocional.

Fiz a primeira viagem interestadual sozinho aos 13 anos com autorização do juizado e de lá para cá nunca parei, peguei gosto por estradas e nunca menosprezei as bagagens. Carros, tive poucos e por pouco tempo; foi bom não ter me apegado já que preciso agora aposentar a habilitação. Mas pés e caminhos sempre me levaram aos amigos e familiares com a maior alegria do encontro, aliás, frequentar pessoas sempre ocupou destaque nos meus compromissos.

Eu sobrevivi a todos os exageros e de todos eles, saí um tanto mais criativo, já que me atribuíram inúmeras vezes o adjetivo, somado ao senso estético e não desprezando o moral, o que atribuo na verdade ao ser libriano; gosto desse signo, acho que me representa.

Hoje os excessos me aborrecem, não que queira isso, faz parte do quadro... Qualquer excesso: o muito falar, os que se repetem ou que se alongam no discurso, uma longa explicação, o barulho, o desrespeito ao sagrado meu e do outro, as injustiças sempre acompanhadas do cinismo, da hipocrisia, da demagogia, do egoísmo humano e das cobranças unilaterais e as preocupações desmedidas; que nunca estão dispostas a ser solidárias quando são requisitadas. A variação de humor é uma constante e tenho picos que elevam as temperaturas em questão de segundos, as emoções ficam afloradas e as convicções bem mais posicionadas. Se sinto? Sinto muito...

Tive três grandes momentos nessa vida com certidões de nascimento: minha chegada em 1970, o encontro de almas com meu grande amor em 1996 e a descoberta do Reiki em 2012 e todos estes acontecimentos trouxeram oportunidades únicas de autoconhecimento.

Como diz Mario Sergio Cortella: "A vida é curta, mas não precisa ser pequena". Meu objetivo está focado nessas palavras e sobre esta pedra fundamental está baseado este texto, "intensidades", visando discorrer um pouco pelo ora intenso e ora calmo Casciano, porque definitivamente não sou endereçado para as pequenas coisas e estas nunca me despertaram sabores, até porque pequena muitas vezes é a nossa forma de olhar e se alguém não me viu, eu passei.

Este é um momento oportuno para discorrer por intensidades, fazê-lo agora já que estou às vésperas dos 47 anos e segundo reza o dito, um pouco além da metade do tempo útil me ajuda num balanço que quero compartilhar.

O meu lado intenso sempre me provocou, por vezes aventureiro e sonhador, foi confundido como inconsequente e temperamental.

Um pouco por minha decisão e outro tanto pela obrigação, não faz muito tempo que experimentei 14 meses de cárcere privado. Chamo assim uma situação quase surreal, aquela que vivi distante do que se imagina de um lar e, claro, como é bem o meu estilo, aproveito oportunidades críticas para tirar partido. Nesta, em especial, cuidei da alimentação e passei a caminhar 100 minutos por dia e o resultado foi a redução de 24 quilos em 4 meses. A autoestima me salvou do cárcere e na mesma linha em 2001, numa situação em que eu e meu marido só podíamos nos ver às quartas feiras por um longo tempo, voltei para a escola e consegui concluir o ensino médio, depois de haver, na adolescência, tentado por 8 vezes o mesmo feito. Interessante, e vale mencionar, que quando emagreci saudável meus quase 5 pacotes de arroz, muitos diziam que eu estava doente e hoje que por conta da impossibilidade de me movimentar já engordei 10 quilos, ninguém pergunta se estou doente... Humanos...

Filho mais velho de 4 irmãos no Paraná, de pais analfabetos e agricultores e em São Paulo desde os 9 anos, tive que aprender cedo a lidar com a homofobia desde os anos 80, quando na escola da cidade grande, recebi os nomes grosseiros que me acompanhariam por alguns anos, nomes que na fazenda nunca ensaiaram minha audição... Homofobia, palavra que hoje está em pauta e que é tão velha conhecida por todos de minha geração. Vale dizer que quando me aceitei aos 21 anos, depois de expurgar os conceitos embutidos na contramão de meu Eu, tratei de me impor e de lá para cá não tem sido diferente, ninguém precisa aceitar minha sexualidade já que não precisa de se deitar comigo. Agora, respeitar é um dever de todos e enquanto não se punir qualquer forma de agressão nesse sentido, este país continuará liderando o ranking de assassinatos de LGBTs no mundo. Se hoje é assim, imaginem em 1980 e 1990 o quanto era difícil! Fica aqui um pensamento aos militantes de leis divinas: Milhares de seres Divinos já morreram por homofobia patrocinada muitas vezes por ideias retrógradas e muito distantes do que de fato é Divino.

Casei-me com meu amado marido aos meus 25 anos e apenas há 2 anos com 45 de idade conseguimos efetivar o reconhecimento da relação num cartório civil. Estranha lei de igualdade para um tanto quanto estranho país de contrariedades e contraditórias vias pelas quais circulam os aplicadores das leis, que muitas vezes baseiam-se em teologias para gerir o que seria apenas um direito humano, civil... E o país é laico minha gente!

Fui levado para o meio evangélico por uma tia junto com minha família na década de 80 e lá fui conhecer o que é a intolerância das pessoas e a arrogância vestida de santidade, até os 21 anos conheci de muito perto o que é uma tortura psicológica e os seus efeitos. Por fim, filho de zeladores de igreja e noivo da filha do pastor, músico respeitado e até maestro de grupo jovem, aos 21 anos tive coragem de romper com os padrões abusivos e saí de casa e da igreja; fui morar em um cortiço sozinho e todos os tais cristãos passaram a me ver como marginal e me excluíram até da mesma calçada.

Os anos renderam 33 mudanças em 46 anos, das quais 19 endereços somente nos últimos 21 anos de casado, de cubículos a casas grandes experimentei tudo.

Iniciei 3 cursos universitários e não concluí nenhum.

Quando todos faziam inglês, eu, em 86, fui fazer italiano. Claro que fiquei no primeiro módulo.

Quando uma síndrome do pânico somada a uma depressão me assombrou depois que passei por uma falência física e jurídica, busquei um curso de cabeleireiro como uma terapia ocupacional, já que era tão diferente de tudo que tinha feito até então. Mas como não poderia ser diferente, tudo foi muito intenso, o curso de 1 ano foi concluído em 3 meses, porque de segunda a sábado eu me internei na escola atrás da cura, das 9 ás 21 horas e fazia dessa forma os três módulos e ainda participava da turma dos sábados, e assim o curso foi concluído rapidamente e embora muitos dissessem que era impossível, finalizei com as melhores notas. Poderia então me dar por satisfeito e trabalhar em algum salão. Só que não, montei meu próprio espaço e no segundo salão um problema nos braços advindo da coluna me tirou de circulação e foi nesse momento que descobri o Reiki.

Me assumi poeta apenas aos 40 anos quando postei em blog meu primeiro poema e em 7 anos já se somam 1154 publicações. O blog ‘Sino do Tempo’ já foi visto e acompanhado em mais de 100 países e já me rendeu publicações em 4 antologias poéticas; no Projeto Alma Brasileira da Bahia, por exemplo, e publicações em 8 revistas da Universidade de Bucareste, Romênia, já tive poemas premiados e até exposição de poemas na Semana Internacional de Poesia de Londres patrocinada pela ONU através da Revista HLC, de quem sou colaborador. Ou seja, fui muito além do que supunha e basta-me a poesia para adoçar e endossar o meu olhar.

Comecei a trabalhar aos 12 anos de idade e faltando uma semana para os 14 tive meu primeiro registro em carteira; aos 18 anos, nomeado o procurador mais jovem do Brasil de um banco privado em São Paulo; ocupei inúmeros cargos no mundo corporativo, não tendo dificuldade para chegar à liderança. Mas muita dificuldade em lidar com desmandos e normas injustas e, por conta disto, me tornei um empreendedor. Uma palavra pomposa para quem apenas pensava em estabelecer suas próprias regras. Depois de 12 empreendimentos diferentes, só aos 42 anos, me encontrei com o mundo terapêutico: amor ao primeiro contato e que me trouxe calmaria num mar pra lá de agitado.

A intenção aqui não é jamais de colocar-me como sabichão e faz tudo e, sim, fazer com que o leitor entenda das tais intensidades, de que na busca de algo maior tudo é válido, de que nenhuma experiência de vida é por acaso e de que nada nos acontece impunemente.

Sabendo que ‘o que não nos mata nos fortalece’ e que o que agride os outros, muitas vezes é a coragem para mudar, ter a ousadia que lhes falta, sempre me orientei com minhas próprias respostas. Especialmente nos últimos anos, recebi inclusive o título de preguiçoso ou vagabundo de alguns (pequeno mundo onde uma carteira assinada te define), mas não me afetou, porque sei que o sistema não perdoa quem sai da caixinha. Sei que suscitei desafetos por conta disso, mas não me arrependo, pois tudo o que fiz foi buscando minha paz e nada foi pessoal, não feri os princípios de lealdade e honestidade que meus pais me ensinaram.

E por falar em pais,  há mais de 10 anos gerencio o financeiro deles, cuido da parte delicada que a terceira idade, por vezes, subtrai. Não há mérito no que faço e sim uma gratidão infinita por tanto amor recebido. Lido com os sustos que me pregam, uma queda aqui, um infarto ali, uma amputação acolá e vamos todos sobrevivendo no afago dos largos corações; se vem um hospital para a agenda a gente corre para estar junto e se vem uma alta médica a gente corre mais ainda para abraçar.

A vida nunca foi tão fácil, mas orgulho-me de como contornei cada situação mantendo a alegria de viver e intactas minhas convicções.

Já tive jantares fartos, mas eu e meu marido também já dividimos 3 azeitonas antes de dormir; já comi bastante polenta na vida, ovo cozido de boteco e milho de pipoca como refeição, porque era mais barato que um pacote de feijão. Nada disso fez-me amargar o caldo, ao contrário, aprendi a ser grato.

No casamento, o amor me ensinou o que são e do que são capazes as almas gêmeas. Quando conheci Carlinhos eu nem falava, um complexo de inferioridade havia me tomado por completo e, pasmem! virei até poeta e muito devo ao seu incentivo e dedicação irrestrita e incondicional.

Lido com patologias de meu par bravamente, com uma força que desconhecia que tivesse. Aprendi com a epilepsia dele, por exemplo, como o amor seria o melhor remédio e que não há impossível para quem vive do lado de dentro do outro. Juntos, lutamos contra o preconceito e a rejeição, até mesmo dentro da família e assim, somos mais fortes.

Já a paciência e o carinho que o Bem sempre teve comigo, dispensam comentários, carinhos que busco todos os dias retribuir...

Mencionei os últimos 10 meses nessa saga, pois bem, chegou a hora de explicar. Até porque acho necessário e apropriado compartilhar com quem me acompanha sobre o quadro que, como diz um irmão meu, pode mudar características físicas e até de comportamentos meus, mas que não mudará meu caráter e quem sou, de verdade.

Minha família paterna possui, em seu código genético, uma mutação em um de seus alelos. O gene ATXN7 possui uma mutação que causa uma doença genética neurodegenerativa chamada Ataxia Espinocerebelar, SCA tipo 7, uma doença autossômica dominante. Até novembro passado tínhamos histórico de 5 casos na família, 3 já falecidos e 2 vivos.

Em 2012 comecei a perceber desequilíbrios ao caminhar, especialmente se tentasse correr ou andar rápido demais e sempre atribuí o fato ao problema de coluna que tenho também, desde o trauma sofrido aos 13 anos como ajudante de uma oficina mecânica. De novembro de 2016 para cá (por isso 10 meses) o quadro se agravou e tive os primeiros sinais que inicialmente foram debitados a uma crise de ansiedade e houve até quem dissesse [médico], que era um problema psiquiátrico, me dei alta dos antidepressivos e fiquei ótimo.

Um longo processo se estabeleceu, com diversos especialistas, no qual um neurologista não descartou a possibilidade de ataxia espinocerebelar, no entanto, eu precisaria concluir uma série de exames para que outras possibilidades fossem descartadas. Pois bem, fiz toda essa bateria de exames, num total de 70 e, pasmem! 68 dos quais em Santana de Parnaíba, pelo SUS. Considero-me um homem de sorte. Dos 2 exames que paguei, um foi no Laboratório Genoma Humano de Células Tronco da USP para pesquisa de SCA e definição de seu tipo, já que existem vários. Pois bem, com tantos exames em mãos, e todos negativos, restava aguardar o do Genoma. No último dia 13 de setembro passei em consulta para resultado e, sim, foi positivo o resultado para a SCA 7, portanto tornei-me efetivamente o 6º caso da família.

Basicamente os efeitos da SCA 7 englobam: perda da coordenação motora, dificuldade de marcha, desequilíbrio ao caminhar, dificuldade de fala e deglutição, tremores involuntários e perda gradativa da visão, somados é claro a outros sintomas advindos destes principais. Uma doença sem remédio, sem tratamento efetivo e sem cura, evolutiva com a morte dos neurônios e que se pode contar apenas com terapias paliativas como fonoaudiologia e fisioterapia para melhora da qualidade de vida e desaceleração da evolução do quadro.

Nestes 10 meses tive embates e combates comigo mesmo perfeitamente aceitáveis para esse diagnóstico. Enfrentei guerras dentro e fora de mim; conheci pessoas que pensava conhecer e desconheci outras da mesma forma; descobri outros eu's dentro de mim e entendi o que é ser forte quando a situação nos pede isto. Apliquei à minha condição a ferramenta do Reiki e as orientações que dava aos meus clientes; tive a oportunidade de testar na pele o conhecimento e que só assim, consegui chegar até aqui e escrever hoje este "intensidades".

Tive dias de negação e de Por que eu? E hoje digo, por que não eu? A depressão é um dos sintomas secundários da doença. Ocorre que já a conheço bem e é através das aplicações Reiki que a mantenho bem distante de mim.

...Quanto aos meus atendimentos como mestre terapeuta? Nada mudou! esse trabalho cura meus dias.

O medo do desconhecido ainda ronda minha porta, mas eu continuo olhando-o de cima e não me dominará. A revolta foi passageira porque não sou melhor que ninguém e enquanto estou por aqui sou sujeito a tudo, como qualquer Ser. Não sou melhor e nem pior e, como nada acontece por mero acaso, algo tenho que aprender com tudo e não me nego jamais a viver um intenso qualquer.

Tenho aprendido, cada dia, a lição do só por hoje tão bem colocada nos 5 princípios do Reiki, e aqui só quero deixar registrado que lutarei cada dia para continuar bem e melhor minha missão de levar Luz e Poesia aos queridos, e, se um dia não for possível, saibam todos que ainda sou o mesmo e que espero, de verdade, que possam ter absorvido algo de bom com nossa convivência.

Convivo ainda com a sombra de muitos quando saio de casa... as pessoas preferem rotular de bêbado o que não conhecem, a humanidade cada vez menos humana fede, mas temos o perfume da Luz e como sempre digo, é a Luz que dissipa a sombra e não o contrário.

Hoje já não me aborreço com o que as pessoas oferecem ou deixam de fazê-lo. Não mendigo atenção e não me obrigo a retribuir nada na contramão do que acredito.

Finalmente enxerguei um ponto de luz em minhas mais interiores indagações: cada qual dá o que tem e será impossível exigir e receber do outro aquilo que lhe falta. Estar saudável com minhas emoções depende mais de mim do que do amigo. Lutar para vencer meus medos é uma batalha diária e a farda dessa guerra sou eu que visto e, talvez por isto, há tanta diferença de público de festas para os de cortejos.

A vida é feita de rasos momentos e fundas circunstâncias, assim como as pessoas que nos cercam, cabe a nós administrar as profundidades, aprender com o mesmo afinco cada lição que isso tudo nos traz, sabendo que na caminhada encontramos mestres cruéis, mas que nem por isso deixam de nos ensinar e, via de regra, aprendemos mais com as lágrimas que com os sorrisos.

Finalmente entendi que muitas vezes quando disse sim ao outros, eu dizia não a mim mesmo, nunca adonei-me da liberdade de ninguém e sempre busquei de que não se adonassem da minha, embora erroneamente muitas vezes por minhas próprias mãos a entreguei cativa.

Renasço cada dia. Preciso, todas as manhãs, apresentar-me ao espelho para jamais esquecer-me de onde vim e para onde vou, para nunca esquecer que sou luz e jamais permitir que me digam o contrário.

Definitivamente sou um homem abençoado; vivi tudo o que foi-me oferecido, fiz muito e, por vezes, nem me sentia tão capaz, fui atrevido quando a vida pediu isso e soube sair quando já não mais cabia no lugar. Com a mesma dignidade com a qual bati as minhas asas sei que saberei guardá-las na conserva do bem maior. Conheci pessoas ímpares, tenho os melhores pais do mundo, sou amado por alguém incrível e amo o quanto um ao outro nos completamos, irmãos de alma vieram em meu auxílio nesses tempos e como tem sido importante!

Ah, como não poderia deixar de ser... Para completar o ensaio de minha vida, ganho o título de pai, filho de Carlinhos é meu filho também, junto com uma linda nora e pra começar bem 2018, VOU SER VOVÔ! E o melhor de tudo, nasceram do coração e, portanto, não herdarão o gene. Comigo a doença morre.

Gratidão é a palavra que direciono a todos que tiveram a coragem de ler até o final, o texto acaba aqui, a vida continua e nos veremos por aí.

Que posso mais querer? Tenho mais para agradecer que pedir.

Talvez nesse novo tempo, nem sempre eu esteja apto a falar, talvez não tão disposto em alguns dias, justo eu que sempre recebi elogios por uma excelente oratória e de que era um bom argumentador, porém, agora eu possa simplesmente responder quando for interpelado, caso julgue necessário, já que nem todas as palavras são para todos os ouvidos:

"Leia intensIDADES".



Casciano Lopes

Setembro/2017
Qualquer tempo entre o início da primavera e o dia 3 de outubro
Namastê

Um comentário:

  1. E então todos poderão saber quem vc é ...eu me orgulho de vc ter vc na minha vida ...te amo desde que vi seus olhinhos brilharem com apenas alguns minutos de vida ...e assim nasceu o amor , e assim o amor vai durar até o ultimo minuto da minha vida e muito além dela .Te amo aqui e te amarei em um lugar chamado eternidade .

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