6.11.17

Homem curado

Da boca cai um verso
que rola corpo afora
como pedra desembestada.
Encontra o chão e senta,
ensaboa, pra dizer enxaguada
e toda lavada, palavras ao vento,
ao vento para secar e acenar
frases alvas aos que passam distraídos.
O dono da boca aberta
fita com olhos de 'quarar' varais e pinta caligrafia,
para dentro de si atrai: o verso,
a cerca de ventania
com seus panos esticados e nus de tinta,
engole os homens que passam em sombra.
Dentro do poema cabe tudo,
até o mundo cabe dentro do poeta
num ensaio de poesia,
tudo cabe no avesso da dor
ou no direito da alegria,
onde nada se mede pra dizer
e tudo é dito sem medir o aborrecer,
pois não há o que provoque
mais amor que verso rolado,
adoecer não há...

Casciano Lopes

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