30.10.23

Um Xamã e eu

Sou como árvore em beira de ribeirão, somos todos.
Assistimos a viagem do rio e viajamos com ele, sem sair do lugar, fincados na existência conhecemos o que passa por nós e passamos por tantos lugares e pessoas que abençoam nossas raizes, que estabelecem descansos em nossas folhas ou podas em nossos galhos.
Somos fixados na paisagem e enquanto posamos pra fotografia dos olhos observadores; crescemos, perdemos folhas, ganhamos reclusão feita de frio, brotamos de novo em flores e exuberância e enchemos de sombra as margens da vida.
Estações... Tempo... Via... Navegação em grandes águas.
Assim como a água, a árvore não discute fluxo e nem vista, só sabe passar uma pela outra.
Como eu, como nós, como a vida que corre pro grande mar, a árvore plantada sem aparentemente sair do lugar, precisa saber, que tudo que chega ao destino, conta do que viu passar.

Casciano Lopes

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