21.11.24

Qual sua altura e peso?

Nós moramos em tantos lugares ao longo da vida; improváveis, impensados, insuspeitáveis moradias que mais parecem esconderijos.
Nascemos e nos mudaremos algumas ou inúmeras vezes durante o tempo que viemos para gastar.
Da primeira a última chave, os lugares inimagináveis nos proporcionam pessoas e histórias, vistas privilegiadas compactadas em janelas ou espremidas e apagadas em muros de divisas.
Moramos...
Talvez numa vivência de hóspedes, de emprestados ou titulares, não importa... moramos.
Importa viver no endereço mais caro, no mais intransferível direito de posse por usucapião, sem o título de propriedade definitivo; possuir sem ter, e mesmo assim, não querer se mudar de onde nascemos.
Que nos custe apenas a descoberta, o reconhecimento diário de cada cômodo, de cada paisagem e, que seja larga a fotografia, que haja fartura de luz e que os corredores nos apresentem todo dia um motivo para zelar da casa que levamos para mudar de mundo, o nosso mundo que viemos para construir e mudar. E que quando não ficar a permanência do domicílio que não era fixo, fique a certeza do zelo e que as paredes gastas sejam tintas para contar as cores que fizeram nossas mudanças.
E que mesmo sendo transitório o nosso tempo, provisório o nosso corpo e irremediável a nossa estadia curta, que sejamos um bom lugar de morar.

Casciano Lopes

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