Deitei nos lençóis como estrada empoeirada
Pasmei minhas costas para cavalgada
As patas puro sangue com suas passadas longas
Firmes e campeãs marcavam a terra de minha pele
A poeira levantou num gemido
Em solo de trotar
De quem estrada gosta de ser...
Eram de punhos... Era de jóquei...
Costas para passeio,
Mãos para passear.
E o prazer...
Ah... esse deixa para as apostas
De quem conseguir imaginar...
Ousar apostar...
Casciano Lopes
23.6.12
Poesia azulada
Não sei...
Eu gosto dos azuis,
Gosto dos azuis das roupas,
Daquele azul anil do [anil] que mamãe usava,
Gosto do azul dos olhos,
Gosto do azul do céu,
Do azul do mar,
E quando esses azuis se encontram então...
Então gosto dos azuis,
Azuis dos mantos,
Azuis das festas,
Azuis das luzes,
Sempre achei que a alegria era azul,
Os pássaros tem seus azuis,
Os lápis de cor me tingiram de azul,
A chuva da infância molhava-me em azul,
E a alma [se existe]...
A minha seria azul da cor da alegria,
Que hoje sei que existe.
Casciano Lopes
Eu gosto dos azuis,
Gosto dos azuis das roupas,
Daquele azul anil do [anil] que mamãe usava,
Gosto do azul dos olhos,
Gosto do azul do céu,
Do azul do mar,
E quando esses azuis se encontram então...
Então gosto dos azuis,
Azuis dos mantos,
Azuis das festas,
Azuis das luzes,
Sempre achei que a alegria era azul,
Os pássaros tem seus azuis,
Os lápis de cor me tingiram de azul,
A chuva da infância molhava-me em azul,
E a alma [se existe]...
A minha seria azul da cor da alegria,
Que hoje sei que existe.
Casciano Lopes
19.6.12
Mangueira
A vaca robusta e estática
Remoía seus pensamentos
Enquanto despejava seu branco.
O retireiro em pose posto
Dilacerava seus sentimentos
Enquanto corria por dedos o branco.
A leiteira de alumínio fingindo silêncio
Contava a medida do abastecimento
Enquanto a gordura se afastava do branco.
O menino pequeno e sambudo esperando
Olhava de perto o acontecimento
Enquanto de cores se enchia o branco.
...
Ali dividindo com o retireiro o seu banco.
...
A leiteira
A vaca
A cor matinal
O futuro em branco
Do menino do banco.
Casciano Lopes
Remoía seus pensamentos
Enquanto despejava seu branco.
O retireiro em pose posto
Dilacerava seus sentimentos
Enquanto corria por dedos o branco.
A leiteira de alumínio fingindo silêncio
Contava a medida do abastecimento
Enquanto a gordura se afastava do branco.
O menino pequeno e sambudo esperando
Olhava de perto o acontecimento
Enquanto de cores se enchia o branco.
...
Ali dividindo com o retireiro o seu banco.
...
A leiteira
A vaca
A cor matinal
O futuro em branco
Do menino do banco.
Casciano Lopes
17.6.12
Mundo em reunião
À cabeceira da mesa sentou-se
Toda senhora dos passos,
Sentou-se em frente ao oportunismo
E assim iniciaram as discussões,
Regadas a muito vinho e queijos.
O que parecia um cerimonial
Com tanta pompa e circunstância,
Adentrou pela madrugada fria,
E vencidos pelo inverno daquela mesa,
Encerraram os trabalhos dando início
A uma calorosa troca de ofensas:
Ninguém queria arcar sozinho
Com a conta alta demais,
Pois dividir ficou difícil.
Eram egoístas demais para isso.
O consenso impossível, desistiu
E o bom senso nem sentou-se à mesa.
Sentados na mesa ao lado,
Um casal em silêncio observava tudo.
Cansados daquela algazarra,
Liberdade e Honestidade
Puseram fim aquela quizumba...
Pagaram a conta.
Casciano Lopes
O oportunismo.
As horas avançaram
E a reunião tardava ter início,
Pois todos haviam chegado,
A deslealdade
A ira
A intolerância
A mentira
A hipocrisia
A demagogia
A incompetência
A ironia
A covardia
A cobiça.
Menos...
A preguiça,
Que lá pelas tantas da noite
Chegou descompromissada,Toda senhora dos passos,
Sentou-se em frente ao oportunismo
E assim iniciaram as discussões,
Regadas a muito vinho e queijos.
O que parecia um cerimonial
Com tanta pompa e circunstância,
Adentrou pela madrugada fria,
E vencidos pelo inverno daquela mesa,
Encerraram os trabalhos dando início
A uma calorosa troca de ofensas:
Ninguém queria arcar sozinho
Com a conta alta demais,
Pois dividir ficou difícil.
Eram egoístas demais para isso.
O consenso impossível, desistiu
E o bom senso nem sentou-se à mesa.
Sentados na mesa ao lado,
Um casal em silêncio observava tudo.
Cansados daquela algazarra,
Liberdade e Honestidade
Puseram fim aquela quizumba...
Pagaram a conta.
Casciano Lopes
14.6.12
Moenda
Toda luz que brilha forte
Encontra um caminho escuro
E neste,
Um homem se orienta.
Todo mar que se movimenta
Encontra um barco à deriva
E neste,
Um homem deixa a tormenta.
Toda manhã que se inventa
Encontra leito desfeito
E neste,
Um homem que enfrenta.
Não tem que ser benta a vida
Mesmo que o homem seja o Bento.
Casciano Lopes
Encontra um caminho escuro
E neste,
Um homem se orienta.
Todo mar que se movimenta
Encontra um barco à deriva
E neste,
Um homem deixa a tormenta.
Toda manhã que se inventa
Encontra leito desfeito
E neste,
Um homem que enfrenta.
Não tem que ser benta a vida
Mesmo que o homem seja o Bento.
Casciano Lopes
7.6.12
Equívoco
Há coisa mais pernóstica que
Uma criatura
Desejar arduamente vender sua
Uma criatura
Desejar arduamente vender sua
Ideia,
Crença,
Conceitos
Conceitos
A outra?
Talvez por isso o mundo tenha se tornado
Um lugar insípido e sem identidade.
Casciano Lopes
Depois de amanhã
Não é que não tenha fé
Que deixei de acreditar nas pessoas
Que seja auto-suficiente
Ou que esqueci o passado.
É que aprendi separar verdades e mentiras
Isolar ilusão e ficção do que a realidade me deixa apalpar
E ignorar o que não traz construção
Por fim entendi que o presente só depende disso tudo.
E que o futuro é mais de sonho que de fantasia.
Casciano Lopes
Que deixei de acreditar nas pessoas
Que seja auto-suficiente
Ou que esqueci o passado.
É que aprendi separar verdades e mentiras
Isolar ilusão e ficção do que a realidade me deixa apalpar
E ignorar o que não traz construção
Por fim entendi que o presente só depende disso tudo.
E que o futuro é mais de sonho que de fantasia.
Casciano Lopes
Lua
Quando ela está iluminando,
Tenho certezas.
Quando não está,
A certeza de que ela volta,
De novo me enche de certezas.
Casciano Lopes
Tenho certezas.
Quando não está,
A certeza de que ela volta,
De novo me enche de certezas.
Casciano Lopes
24.5.12
Qualquer infância
10, 20, 30, 40 anos...
Não importa!
Quando a alegria
Bate à porta
Todos temos
Qualquer idade
Entre 2 e 8 anos.
Casciano Lopes
No reverso da vontade
Se de fato toda a força for colocada
No empenho da vontade
O impossível das utopias
Se tornarão edifícios plantados nas calçadas
Margeando as ruas por onde passarão
Tanto a preguiça descabida
Quanto a coragem construída.
Casciano Lopes
No empenho da vontade
O impossível das utopias
Se tornarão edifícios plantados nas calçadas
Margeando as ruas por onde passarão
Tanto a preguiça descabida
Quanto a coragem construída.
Casciano Lopes
Peito quilha
O coração é um sujeito muito estranho:
Desconhece a razão
E discorda da lógica.
Quando a bússola aponta para o impossível
Ele insiste que é possível ajustar velas.
Individualista e corajoso como é
Muda até os ventos
Dando conta da nova direção
Tratando dos próprios arranhões
Quando ancora no porto.
Casciano Lopes
Desconhece a razão
E discorda da lógica.
Quando a bússola aponta para o impossível
Ele insiste que é possível ajustar velas.
Individualista e corajoso como é
Muda até os ventos
Dando conta da nova direção
Tratando dos próprios arranhões
Quando ancora no porto.
Casciano Lopes
Posto que é chama
Trançado
Amarrado
Entrelaçado...
Divide combustível e chama
Separa o ardor
Provoca calor
Ilumina o negro
Apaga o breu
Se espalha em luz
Enquanto em combustão
Desfaz-se até morrer.
Como o homem passa...
Fazendo clarão do perigo
Dissipando-se em luz
Até que um dia...
O pavio se apaga.
Casciano Lopes
Amarrado
Entrelaçado...
Divide combustível e chama
Separa o ardor
Provoca calor
Ilumina o negro
Apaga o breu
Se espalha em luz
Enquanto em combustão
Desfaz-se até morrer.
Como o homem passa...
Fazendo clarão do perigo
Dissipando-se em luz
Até que um dia...
O pavio se apaga.
Casciano Lopes
28.4.12
Secreto tempo e seu sentimento.
Era um tempo sem medida
Como hora sem partida
Como dor feito ferida
Era de febre percorrida
A latente que não ia
A serpente que mordia
A tristeza que doía
A mala que não se abria
Via
Corria
Pedia
Fugia
Subia
Descia
Fria
Profecia
Pontaria
A vontade é impedida
Por licença concedida
Da saudade impelida
A dizer da dor contida.
Casciano Lopes
Como hora sem partida
Como dor feito ferida
Era de febre percorrida
A latente que não ia
A serpente que mordia
A tristeza que doía
A mala que não se abria
Via
Corria
Pedia
Fugia
Subia
Descia
Fria
Profecia
Pontaria
A vontade é impedida
Por licença concedida
Da saudade impelida
A dizer da dor contida.
Casciano Lopes
10.4.12
Morte precoce
O homem nasce sabendo amar
O amor...
O gesto é carregado dele
O choro é brotado dele
O olhar é inundado por ele
O sono é embalado por ele
Com o passar do tempo
...Vem
A educação
A sociedade
A religião
...Fica
A mais valia
A limitação
A intolerância
...Perpetua-se
A indiferença
A autoridade
A alienação
...Vai
A solidariedade
A partilha
A humanidade
E quando a morte bate no peito
O mesmo homem já o desconhece...
O amor que morreu muito antes.
Casciano Lopes
O amor...
O gesto é carregado dele
O choro é brotado dele
O olhar é inundado por ele
O sono é embalado por ele
Com o passar do tempo
...Vem
A educação
A sociedade
A religião
...Fica
A mais valia
A limitação
A intolerância
...Perpetua-se
A indiferença
A autoridade
A alienação
...Vai
A solidariedade
A partilha
A humanidade
E quando a morte bate no peito
O mesmo homem já o desconhece...
O amor que morreu muito antes.
Casciano Lopes
29.3.12
Lenha
Lá no fim da curva da estrada de morar,
Bem colocada na paisagem de admirar,
Uma fumaça branca encantava a vista
Colorindo o céu e do galo a crista.
Subia e se espalhava na plantação
Subia e se espalhava na plantação
Cobria de interior toda a criação
Enquanto o pomar verde esfumaçava,
A jabuticabeira pretinha branqueava.
A cerca que proibia, envelhecida, sumia
E só se ouvia do outro lado o gado que mugia,
A charrete que descia com cavalo apressado
A charrete que descia com cavalo apressado
Na terra fofa escondia o barulho do trotado.
...E lá dentro, na casinha sertaneja de madeira,
Um fogão de lenha com chaminé e chaleira
Com mania de grandeza que parecia caldeira
Cozinhava o jantar da vida fazendeira.
Casciano Lopes
Sete... Pode ser...
Terço
Pode ser a terça parte...
Pode ser o caminho da cruz
Quarta
Pode ser a quarta parte...
Pode ser a quarta feira
Quinta
Pode ser a quinta parte...
Pode ser a da Boa Vista
Sexta
Pode ser a sexta parte...
Pode ser a sexta maravilha do mundo
Sábado
Sabatina
Santo
Sagrado
Desejo dominical
Deitado
Dividido em sete
Descansos
Subtraindo a segunda
Com segundas intenções.
Casciano Lopes
26.3.12
À flor
Ela é vista por entre distâncias
Cavalga elos
Semeia ou colhe
Nua, a noite fria aquece.
Põe mesa
Apara o vaso
Acolhe as flores
Mesmo que não existam.
Decalca entre paredes
A cama grande
Estampa seus lençóis
E imprime corpo mesmo ausente.
Faz da terra um acaso
Do deserto um habitado
Elabora a paisagem
E decora a sequidão com seus jardins.
Do peito faz palco
Do céu um rio
Da pele calafrio
E do caos a imensidão...
...A poesia.
Casciano Lopes
Cavalga elos
Semeia ou colhe
Nua, a noite fria aquece.
Põe mesa
Apara o vaso
Acolhe as flores
Mesmo que não existam.
Decalca entre paredes
A cama grande
Estampa seus lençóis
E imprime corpo mesmo ausente.
Faz da terra um acaso
Do deserto um habitado
Elabora a paisagem
E decora a sequidão com seus jardins.
Do peito faz palco
Do céu um rio
Da pele calafrio
E do caos a imensidão...
...A poesia.
Casciano Lopes
22.3.12
Anjo
A serra transponho
Na lua rodopio
No sol sinto frio
Nas águas adormeço
Meu berço é onda
Minha santa me sonda
Tomba seu azul
Me embala...
Me guia...
Eu já guio o que sei
O que tive e terei
Já tenho o que guardo
Já guardo o que é meu
Eu sei.
Casciano Lopes
21.3.12
Todo dia
Eu preciso...
De alguém com coração caloroso
E que de bom grado divida-o comigo
Que tenha nas mãos os calos de solidão
Para nunca querer estar ou deixar só
Que goste de contar meus fios de cabelos brancos
Antes que se tornem incontáveis
E que conte mais de uma vez
Tantas quantas eu adormeça antes do resultado
Eu preciso de um bom dia todo dia
Eu preciso...
Retribuir o aprendizado
Enquanto aprendo existindo.
Casciano Lopes
Assinar:
Postagens (Atom)