A cobra imensa vai engolindo a multidão
Debatendo-se feito viva lacrimeja suor
Rastejando o corpo longo feito de chão
Vai o círio calado em busca de confessor
Cultuada peçonhenta serpente da servidão
Que junta no aperto calcanhares de sonhador
Serpenteando pedidos em meio a exaustão
Grita um Nazareno no afã de seu odor
Silêncio comungado em resmungada confusão
Entorpecente veneno que mata o descobridor
Despe enquanto cala cada homem histrião
Enquanto foge da morte pobre, o seu autor.
Casciano Lopes
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