Lá em casa chamava-se terreiro
Nele, era a paineira que fazia a sombra
E de barro era o forno plantado nele
Pão caseiro, folha de bananeira
Pé de urucum, goiaba e amora
Torrador de café, pilão
Moinho, rastelo e vassoura de palha
Burquinha correndo na terra, pião
Cavalo de pau, sabugo de milho
Bola de meia, pega-pega
Esconde-esconde e passa-anel
Lata fervendo, batedor de roupas
Comadres de prosa no poço, cachimbo babando
Quiboa que alveja, a grama que quara
Cerca farpando os remendos que secam
Cigarra esganiçada, bambuzal que não quebra
Feixe de lenha, poleiro, galo cantador
Porco na lama, ovo no ninho
Moleque esperto e frango gordinho, disputando a vida
Fogueira, sanfona e cantoria
Sapo que desafina, cigarro de palha
Lamparina, toco de vela
Grilos combinados e pirilampos desocupados
Borrachudos atrevidos, tapas e pegada de mão
Donzela de vestido de missa, rapazote de chapéu panamá
O pai que vigia, a mãe que cochicha o caso que conta
Dedo de pinga e lua no pasto... num cheiro de dama da noite
Tudo coisa de terreiro
Meus quintais o tempo inteiro.
Casciano Lopes
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