Em 2012,
conheci de fato o significado de Amor e Gratidão. Não que tenha me tornado um
Ser excepcionalmente grato e amoroso, mas desde então, o Reiki me ensina todos
os dias a magia destas duas palavras. Procuro em meu viver e a cada nova idade
centrar-me e orientar-me na Gratidão e Amor ao Todo e já não tenho nenhuma
dúvida, de que esta é a única maneira de evolução e crescimento de meu Eu e por
isso, manifesto aqui toda a minha gratidão ao Universo Reiki por dar
significado a cada uma de minhas condutas.
Sempre me
considerei e ouvi de outros a afirmação, ser uma pessoa estressada, radical,
amante dos extremos, perfeccionista, detalhista, metódico, exigente, chato,
extremamente observador e crítico... Penalizei muitos ao longo da vida com
essas características e posturas, tanto assim que ao longo de 46 anos fiz
poucos amigos. Justificava e simplificava tudo isso me denominando apenas como
uma pessoa prática e dinâmica.
Com meu
trabalho terapêutico descobri que também vitimava a mim mesmo; talvez eu fosse
meu principal alvo. Sabotei-me por anos e puni-me por cada atitude que julguei
incorreta e em tantas outras me prevaleci daquilo que julgava qualidade para me
castigar, pensando assim ter encontrado um caminho para não repetir
erros.
Na
verdade comecei a observar que tudo isso não passava de um ego aflorado e
entendi que precisava praticar o verdadeiro desapego. Não aquele que a maioria
entende como dar o que possui de material aos mais necessitados,
desprendendo-se do ter. A partir de então deixar meu ego de lado com
toda sua vaidade pessoal tem sido uma meta diária, árdua e necessária meta.
Busco sim o ter, porém não posso permitir que ele me tenha e jamais o
possuir a qualquer custo pode comandar minhas iniciativas, a
preocupação maior deve manter-se no ser, ser mais humano ao mesmo tempo
consciente do quão divinos todos somos.
Compreendi
que a maior caridade devia englobar-me e também que quando essa caridade era
proclamada não passava de vaidade. Vaidade inclusive que era o que movia a
defesa que eu usava quando criticado ou questionado por meu comportamento e que
me fazia responder: eu nasci assim, sou assim e morrerei assim... Síndrome
de Gabriela.
A paz
interior junto com o Tempo é o bem mais precioso de que dispomos.
Precisei
conhecer o trabalho da energia ascensional para despertar um novo olhar; mais
piedoso, cúmplice, contemplativo, de apreço e carisma pelo Todo, por tudo que
me cerca, mas principalmente por mim mesmo. Este novo olhar, me mostrou que sou
Divino, uma extensão de tudo o que há no Universo e que tudo que há nele, existe
em mim e vice versa.
Compreendi
que procurar ser melhor seria um bom caminho para me encontrar com o espelho e
selar um acordo de paz comigo mesmo e que isto refletiria nas minhas relações,
porque estamos todos interligados.
De fato quando
nos propomos a trabalhar com cura, primeiro devemos nos curar e como canais da
energia Reiki, precisamos estar livres e desobstruídos de tantos traumas e
bloqueios emocionais que acumulamos ao longo da vida.
Ao
aprendizado diário e conhecimento da energia cósmica sou grato, bendito o
encontro com Mestra Grace que tão amorosamente confiou a mim essa vibração e
que trouxe a frequência de luz e amor para a minha convivência.
Desde
então, pessoas passaram por meu consultório e agradeço a todos pela confiança
em meu trabalho e por todo o aprendizado que também me trouxeram.
Tenho
cursado um verdadeiro intensivão terapêutico, fiz a primeira iniciação
Reiki em 2012 e em 5 anos foram 7 cursos, incluindo 2 mestrados; mas só nestes
10 últimos meses conheci de fato o que ensinava aos meus alunos e pacientes, um
super estágio... Com muito aprendizado prático que se soma ao teórico na função
única de ser melhor, não melhor que o outro e nem de alcançar o topo do mundo,
mas de ser melhor que eu mesmo fui ontem e o topo a alcançar deve ser o meu
próprio, da minha pirâmide evolutiva.
Continuarei meus estudos dentro das possibilidades, aprender não ocupa espaço e sempre busquei o conhecimento como uma das formas de valorização da vida. Para ensinar é preciso aprender.
Sei que
muito ainda falta e a longevidade deve ser apreciada como uma oportunidade de
melhorar cada dia.
Agora
entendo o que significam as falas que tanto usei em consultório:
-
É obrigado? Diga não obrigado.
-
A melhor viagem é a que fazemos para dentro de nós mesmos.
-
Você deve olhar o medo de cima para baixo, pois no dia que acontecer o
contrário, terá perdido o controle sobre ele.
-
Sinta a dor do outro sem deixar que ela se mude para dentro de você.
-
Se a dor do teu vizinho não doer em você a sua doença é mais grave que a
dele.
-
Se não amar a si primeiro, o amor que você oferece ao outro é
deficitário.
-
Faz parte da cura o desejo de ser curado.
-
A cura deve acontecer de dentro para fora.
-
O novo olhar, mais contemplativo e doce, deve começar por você e para
você.
-
Quantas vezes já disse a si mesmo que se ama, hoje?
-
Perdoe e seja grato, principalmente a si mesmo.
-
A mágoa cria raízes e deves revolver constantemente a terra do coração.
-
A ofensa pertence ao ofensor, a menos que a receba.
-
Não existe certo ou errado e sim pontos de vista diferentes.
-
Como te tratam é carma deles e como reages é teu.
-
Só por hoje.
Sempre
fui amante do silêncio e defendia-o até com a fala de que temos dois ouvidos
e uma boca para ouvir mais e falar menos, hoje vejo no silêncio uma
ferramenta para a meditação que cura minhas certezas e elabora as minhas
dúvidas. Nem sempre posso falar e locomovo-me com maior facilidade dentro dessa
realidade por ter em tempo apreciado a calma da mente. Por anos convivi com uma
mente barulhenta e até mesmo aprendi a ler mentes barulhentas em bocas fechadas.
Tudo me foi útil e entendi que nada de fato se perde e não há aprendizado
desnecessário nesta fisicalidade.
Minha
vida sempre girou nos extremos; intenso talvez seja a palavra que sempre me
definiu. Quando deixei de lado o que me disseram que era religião depois de 2
batismos: um católico quando bebê e um protestante aos 12 anos. Ora, em nenhum
estive presente já que a consciência ainda era guiada. Foi um maço de cigarros
vestido em bolso transparente de uma camisa social a forma encontrada para
comunicar aos familiares a decisão... Com ela ganhei um vício que já dura 26
anos.
Quando
jovenzinho me apaixonei perdidamente, à primeira vista, por todos os namorados
que tive e eram todos príncipes encantados. O fato é que sem cavalos ou com,
tive de relacionamento aberto à vitrine expositora das avenidas onde fiz
exibição da figura.
Aos 12
anos me apaixonei por fotografia e tive a primeira máquina fotográfica, de lá
para cá, são 50 mil fotos arquivadas numa coleção de 35 anos... Exagero? Não,
intensidade. Hoje ainda viajo por cada uma das imagens; me são terapêuticas
quando passeio por sua magia, a de tornar vivo e eterno um momento, uma HD
externa que auxilia a memória emocional.
Fiz a
primeira viagem interestadual sozinho aos 13 anos com autorização do juizado e
de lá para cá nunca parei, peguei gosto por estradas e nunca menosprezei as
bagagens. Carros, tive poucos e por pouco tempo; foi bom não ter me apegado já
que preciso agora aposentar a habilitação. Mas pés e caminhos sempre me levaram
aos amigos e familiares com a maior alegria do encontro, aliás, frequentar
pessoas sempre ocupou destaque nos meus compromissos.
Eu
sobrevivi a todos os exageros e de todos eles, saí um tanto mais criativo, já
que me atribuíram inúmeras vezes o adjetivo, somado ao senso estético e não
desprezando o moral, o que atribuo na verdade ao ser libriano; gosto desse
signo, acho que me representa.
Hoje os
excessos me aborrecem, não que queira isso, faz parte do quadro... Qualquer
excesso: o muito falar, os que se repetem ou que se alongam no discurso, uma
longa explicação, o barulho, o desrespeito ao sagrado meu e do outro, as
injustiças sempre acompanhadas do cinismo, da hipocrisia, da demagogia, do
egoísmo humano e das cobranças unilaterais e as preocupações desmedidas; que
nunca estão dispostas a ser solidárias quando são requisitadas. A variação de humor é uma constante e tenho picos que elevam as temperaturas em questão de segundos, as emoções ficam afloradas e as convicções bem mais posicionadas. Se sinto? Sinto muito...
Tive três
grandes momentos nessa vida com certidões de nascimento: minha chegada em 1970,
o encontro de almas com meu grande amor em 1996 e a descoberta do Reiki em 2012
e todos estes acontecimentos trouxeram oportunidades únicas de autoconhecimento.
Como diz
Mario Sergio Cortella: "A vida é
curta, mas não precisa ser pequena". Meu objetivo está focado nessas
palavras e sobre esta pedra fundamental está baseado este texto,
"intensidades", visando discorrer um pouco pelo ora intenso e ora
calmo Casciano, porque definitivamente não sou endereçado para as pequenas
coisas e estas nunca me despertaram sabores, até porque pequena muitas vezes é
a nossa forma de olhar e se alguém não me viu, eu passei.
Este é um
momento oportuno para discorrer por intensidades, fazê-lo agora já que estou às
vésperas dos 47 anos e segundo reza o dito, um pouco além da metade do tempo
útil me ajuda num balanço que quero compartilhar.
O meu
lado intenso sempre me provocou, por vezes aventureiro e sonhador, foi
confundido como inconsequente e temperamental.
Um pouco
por minha decisão e outro tanto pela obrigação, não faz muito tempo que
experimentei 14 meses de cárcere privado. Chamo assim uma situação quase
surreal, aquela que vivi distante do que se imagina de um lar e, claro, como é
bem o meu estilo, aproveito oportunidades críticas para tirar partido. Nesta,
em especial, cuidei da alimentação e passei a caminhar 100 minutos por dia e o
resultado foi a redução de 24 quilos em 4 meses. A autoestima me salvou do
cárcere e na mesma linha em 2001, numa situação em que eu e meu marido só
podíamos nos ver às quartas feiras por um longo tempo, voltei para a escola e
consegui concluir o ensino médio, depois de haver, na adolescência, tentado por
8 vezes o mesmo feito. Interessante, e vale mencionar, que quando emagreci
saudável meus quase 5 pacotes de arroz, muitos diziam que eu estava
doente e hoje que por conta da impossibilidade de me movimentar já engordei 10
quilos, ninguém pergunta se estou doente... Humanos...
Filho
mais velho de 4 irmãos no Paraná, de pais analfabetos e agricultores e em São
Paulo desde os 9 anos, tive que aprender cedo a lidar com a homofobia desde os
anos 80, quando na escola da cidade grande, recebi os nomes grosseiros
que me acompanhariam por alguns anos, nomes que na fazenda nunca ensaiaram minha
audição... Homofobia, palavra que hoje está em pauta e que é tão velha
conhecida por todos de minha geração. Vale dizer que quando me aceitei aos 21
anos, depois de expurgar os conceitos embutidos na contramão de meu Eu, tratei
de me impor e de lá para cá não tem sido diferente, ninguém precisa aceitar
minha sexualidade já que não precisa de se deitar comigo. Agora, respeitar é um
dever de todos e enquanto não se punir qualquer forma de agressão nesse
sentido, este país continuará liderando o ranking de assassinatos de LGBTs no
mundo. Se hoje é assim, imaginem em 1980 e 1990 o quanto era difícil! Fica aqui
um pensamento aos militantes de leis divinas: Milhares de seres Divinos já morreram por homofobia patrocinada muitas
vezes por ideias retrógradas e muito distantes do que de fato é Divino.
Casei-me
com meu amado marido aos meus 25 anos e apenas há 2 anos com 45 de idade
conseguimos efetivar o reconhecimento da relação num cartório civil. Estranha
lei de igualdade para um tanto quanto estranho país de contrariedades e
contraditórias vias pelas quais circulam os aplicadores das leis, que muitas
vezes baseiam-se em teologias para gerir o que seria apenas um direito humano,
civil... E o país é laico minha gente!
Fui
levado para o meio evangélico por uma tia junto com minha família na década de
80 e lá fui conhecer o que é a intolerância das pessoas e a arrogância vestida
de santidade, até os 21 anos conheci de muito perto o que é uma tortura
psicológica e os seus efeitos. Por fim, filho de zeladores de igreja e noivo da
filha do pastor, músico respeitado e até maestro de grupo jovem, aos 21 anos
tive coragem de romper com os padrões abusivos e saí de casa e da igreja; fui
morar em um cortiço sozinho e todos os tais cristãos passaram a me ver como
marginal e me excluíram até da mesma calçada.
Os anos
renderam 33 mudanças em 46 anos, das quais 19 endereços somente nos últimos 21
anos de casado, de cubículos a casas grandes experimentei tudo.
Iniciei 3
cursos universitários e não concluí nenhum.
Quando
todos faziam inglês, eu, em 86, fui fazer italiano. Claro que fiquei no
primeiro módulo.
Quando
uma síndrome do pânico somada a uma depressão me assombrou depois que passei
por uma falência física e jurídica, busquei um curso de cabeleireiro como uma
terapia ocupacional, já que era tão diferente de tudo que tinha feito até então.
Mas como não poderia ser diferente, tudo foi muito intenso, o curso de 1 ano
foi concluído em 3 meses, porque de segunda a sábado eu me internei na escola
atrás da cura, das 9 ás 21 horas e fazia dessa forma os três módulos e ainda
participava da turma dos sábados, e assim o curso foi concluído rapidamente e
embora muitos dissessem que era impossível, finalizei com as melhores notas. Poderia
então me dar por satisfeito e trabalhar em algum salão. Só que não, montei meu
próprio espaço e no segundo salão um problema nos braços advindo da coluna me tirou de
circulação e foi nesse momento que descobri o Reiki.
Me assumi
poeta apenas aos 40 anos quando postei em blog meu primeiro poema e em 7 anos
já se somam 1154 publicações. O blog ‘Sino do Tempo’ já foi visto e acompanhado
em mais de 100 países e já me rendeu publicações em 4 antologias poéticas; no
Projeto Alma Brasileira da Bahia, por exemplo, e publicações em 8 revistas da
Universidade de Bucareste, Romênia, já tive poemas premiados e até exposição de
poemas na Semana Internacional de Poesia de Londres patrocinada pela ONU através da Revista
HLC, de quem sou colaborador. Ou seja, fui muito além do que supunha e basta-me
a poesia para adoçar e endossar o meu olhar.
Comecei a
trabalhar aos 12 anos de idade e faltando uma semana para os 14 tive meu
primeiro registro em carteira; aos 18 anos, nomeado o procurador mais jovem do
Brasil de um banco privado em São Paulo; ocupei inúmeros cargos no mundo
corporativo, não tendo dificuldade para chegar à liderança. Mas muita
dificuldade em lidar com desmandos e normas injustas e, por conta disto, me
tornei um empreendedor. Uma palavra pomposa para quem apenas pensava em
estabelecer suas próprias regras. Depois de 12 empreendimentos diferentes, só
aos 42 anos, me encontrei com o mundo terapêutico: amor ao primeiro contato e
que me trouxe calmaria num mar pra lá de agitado.
A
intenção aqui não é jamais de colocar-me como sabichão e faz tudo e, sim, fazer
com que o leitor entenda das tais intensidades, de que na busca de algo maior
tudo é válido, de que nenhuma experiência de vida é por acaso e de que nada nos
acontece impunemente.
Sabendo
que ‘o que não nos mata nos fortalece’ e que o que agride os outros, muitas
vezes é a coragem para mudar, ter a ousadia que lhes falta, sempre me orientei
com minhas próprias respostas. Especialmente nos últimos anos, recebi inclusive o título de preguiçoso ou vagabundo de alguns (pequeno mundo onde uma carteira assinada te define), mas não me afetou, porque sei que o sistema não perdoa quem sai da caixinha. Sei que suscitei desafetos por conta disso, mas
não me arrependo, pois tudo o que fiz foi buscando minha paz e nada foi
pessoal, não feri os princípios de lealdade e honestidade que meus pais me
ensinaram.
E por
falar em pais, há mais de 10 anos gerencio o financeiro deles, cuido da
parte delicada que a terceira idade, por vezes, subtrai. Não há mérito no que
faço e sim uma gratidão infinita por tanto amor recebido. Lido com os sustos
que me pregam, uma queda aqui, um infarto ali, uma amputação acolá e vamos
todos sobrevivendo no afago dos largos corações; se vem um hospital para a
agenda a gente corre para estar junto e se vem uma alta médica a gente corre
mais ainda para abraçar.
A vida
nunca foi tão fácil, mas orgulho-me de como contornei cada situação mantendo a
alegria de viver e intactas minhas convicções.
Já tive
jantares fartos, mas eu e meu marido também já dividimos 3 azeitonas antes de
dormir; já comi bastante polenta na vida, ovo cozido de boteco e milho de
pipoca como refeição, porque era mais barato que um pacote de feijão. Nada
disso fez-me amargar o caldo, ao contrário, aprendi a ser grato.
No
casamento, o amor me ensinou o que são e do que são capazes as almas gêmeas. Quando
conheci Carlinhos eu nem falava, um complexo de inferioridade havia me tomado
por completo e, pasmem! virei até poeta e muito devo ao seu incentivo e
dedicação irrestrita e incondicional.
Lido com
patologias de meu par bravamente, com uma força que desconhecia que tivesse. Aprendi
com a epilepsia dele, por exemplo, como o amor seria o melhor remédio e que não
há impossível para quem vive do lado de dentro do outro. Juntos, lutamos contra
o preconceito e a rejeição, até mesmo dentro da família e assim, somos mais fortes.
Já a
paciência e o carinho que o Bem sempre teve comigo, dispensam comentários, carinhos
que busco todos os dias retribuir...
Mencionei
os últimos 10 meses nessa saga, pois bem, chegou a hora de explicar. Até porque
acho necessário e apropriado compartilhar com quem me acompanha sobre o quadro
que, como diz um irmão meu, pode mudar características físicas e até de
comportamentos meus, mas que não mudará meu caráter e quem sou, de verdade.
Minha
família paterna possui, em seu código genético, uma mutação em um de seus
alelos. O gene ATXN7 possui uma mutação que causa uma doença genética neurodegenerativa
chamada Ataxia Espinocerebelar, SCA tipo 7, uma doença autossômica dominante.
Até novembro passado tínhamos histórico de 5 casos na família, 3 já falecidos e
2 vivos.
Em 2012
comecei a perceber desequilíbrios ao caminhar, especialmente se tentasse correr
ou andar rápido demais e sempre atribuí o fato ao problema de coluna que tenho também,
desde o trauma sofrido aos 13 anos como ajudante de uma oficina mecânica. De
novembro de 2016 para cá (por isso 10 meses) o quadro se agravou e tive os
primeiros sinais que inicialmente foram debitados a uma crise de ansiedade e
houve até quem dissesse [médico], que era um problema psiquiátrico, me dei alta
dos antidepressivos e fiquei ótimo.
Um longo
processo se estabeleceu, com diversos especialistas, no qual um neurologista
não descartou a possibilidade de ataxia espinocerebelar, no entanto, eu
precisaria concluir uma série de exames para que outras possibilidades fossem
descartadas. Pois bem, fiz toda essa bateria de exames, num total de 70 e, pasmem!
68 dos quais em Santana de Parnaíba, pelo SUS. Considero-me um homem de sorte.
Dos 2 exames que paguei, um foi no Laboratório Genoma Humano de Células Tronco
da USP para pesquisa de SCA e definição de seu tipo, já que existem vários.
Pois bem, com tantos exames em mãos, e todos negativos, restava aguardar o do
Genoma. No último dia 13 de setembro passei em consulta para resultado e, sim,
foi positivo o resultado para a SCA 7, portanto tornei-me efetivamente o 6º
caso da família.
Basicamente
os efeitos da SCA 7 englobam: perda da coordenação motora, dificuldade de
marcha, desequilíbrio ao caminhar, dificuldade de fala e deglutição, tremores
involuntários e perda gradativa da visão, somados é claro a outros sintomas
advindos destes principais. Uma doença sem remédio, sem tratamento efetivo e sem
cura, evolutiva com a morte dos neurônios e que se pode contar apenas com terapias
paliativas como fonoaudiologia e fisioterapia para melhora da qualidade de vida
e desaceleração da evolução do quadro.
Nestes 10
meses tive embates e combates comigo mesmo perfeitamente aceitáveis para esse
diagnóstico. Enfrentei guerras dentro e fora de mim; conheci pessoas que
pensava conhecer e desconheci outras da mesma forma; descobri outros eu's
dentro de mim e entendi o que é ser forte quando a situação nos pede isto.
Apliquei à minha condição a ferramenta do Reiki e as orientações que dava aos
meus clientes; tive a oportunidade de testar na pele o conhecimento e que só
assim, consegui chegar até aqui e escrever hoje este "intensidades".
Tive dias
de negação e de Por que eu? E hoje digo, por que não eu? A depressão é um dos
sintomas secundários da doença. Ocorre que já a conheço bem e é através das
aplicações Reiki que a mantenho bem distante de mim.
...Quanto
aos meus atendimentos como mestre terapeuta? Nada mudou! esse trabalho cura
meus dias.
O medo do
desconhecido ainda ronda minha porta, mas eu continuo olhando-o de cima e não
me dominará. A revolta foi passageira porque não sou melhor que ninguém e
enquanto estou por aqui sou sujeito a tudo, como qualquer Ser. Não sou melhor e
nem pior e, como nada acontece por mero acaso, algo tenho que aprender com tudo
e não me nego jamais a viver um intenso qualquer.
Tenho
aprendido, cada dia, a lição do só por hoje tão bem colocada nos 5
princípios do Reiki, e aqui só quero deixar registrado que lutarei cada dia
para continuar bem e melhor minha missão de levar Luz e Poesia aos queridos, e,
se um dia não for possível, saibam todos que ainda sou o mesmo e que espero, de
verdade, que possam ter absorvido algo de bom com nossa convivência.
Convivo
ainda com a sombra de muitos quando saio de casa... as pessoas preferem rotular
de bêbado o que não conhecem, a humanidade cada vez menos humana fede, mas
temos o perfume da Luz e como sempre digo, é a Luz que dissipa a sombra e não o
contrário.
Hoje já
não me aborreço com o que as pessoas oferecem ou deixam de fazê-lo. Não mendigo
atenção e não me obrigo a retribuir nada na contramão do que acredito.
Finalmente
enxerguei um ponto de luz em minhas mais interiores indagações: cada qual dá o
que tem e será impossível exigir e receber do outro aquilo que lhe falta. Estar
saudável com minhas emoções depende mais de mim do que do amigo. Lutar para
vencer meus medos é uma batalha diária e a farda dessa guerra sou eu que visto
e, talvez por isto, há tanta diferença de público de festas para os de cortejos.
A vida é
feita de rasos momentos e fundas circunstâncias, assim como as pessoas que nos
cercam, cabe a nós administrar as profundidades, aprender com o mesmo afinco
cada lição que isso tudo nos traz, sabendo que na caminhada encontramos mestres
cruéis, mas que nem por isso deixam de nos ensinar e, via de regra, aprendemos
mais com as lágrimas que com os sorrisos.
Finalmente
entendi que muitas vezes quando disse sim ao outros, eu dizia não a mim mesmo,
nunca adonei-me da liberdade de ninguém e sempre busquei de que não se
adonassem da minha, embora erroneamente muitas vezes por minhas próprias mãos a
entreguei cativa.
Renasço
cada dia. Preciso, todas as manhãs, apresentar-me ao espelho para jamais esquecer-me
de onde vim e para onde vou, para nunca esquecer que sou luz e jamais permitir
que me digam o contrário.
Definitivamente
sou um homem abençoado; vivi tudo o que foi-me oferecido, fiz muito e, por
vezes, nem me sentia tão capaz, fui atrevido quando a vida pediu isso e soube
sair quando já não mais cabia no lugar. Com a mesma dignidade com a qual bati
as minhas asas sei que saberei guardá-las na conserva do bem maior. Conheci
pessoas ímpares, tenho os melhores pais do mundo, sou amado por alguém incrível
e amo o quanto um ao outro nos completamos, irmãos de alma vieram em meu
auxílio nesses tempos e como tem sido importante!
Ah, como
não poderia deixar de ser... Para completar o ensaio de minha vida, ganho o
título de pai, filho de Carlinhos é meu filho também, junto com uma linda nora
e pra começar bem 2018, VOU SER VOVÔ! E o melhor de tudo, nasceram do coração e, portanto, não herdarão o gene. Comigo a doença morre.
Gratidão
é a palavra que direciono a todos que tiveram a coragem de ler até o final, o
texto acaba aqui, a vida continua e nos veremos por aí.
Que posso
mais querer? Tenho mais para agradecer que pedir.
Talvez
nesse novo tempo, nem sempre eu esteja apto a falar, talvez não tão disposto em
alguns dias, justo eu que sempre recebi elogios por uma excelente oratória e de
que era um bom argumentador, porém, agora eu possa simplesmente responder
quando for interpelado, caso julgue necessário, já que nem todas as palavras
são para todos os ouvidos:
"Leia
intensIDADES".
Casciano
Lopes
Setembro/2017
Qualquer tempo entre o início da primavera e o
dia 3 de outubro
Namastê