23.2.17

Apólogo descadeirado

Sabe-se que a mesa acolhia as cadeiras como suas, até porque as pessoas ali sentavam para as rodadas de palavras e gargalhadas e cada vez que isso acontecia, mais ela se convencia.
O tempo correu e furtou primeiro os encostos das cadeiras e nada a mesa pode fazer, toda manchada de fundos úmidos de copos descadeirada ficou.
Triste, percebeu que o tempo e não o homem que roubou as cadeiras era seu possuidor... Fechou acordo com ele e desde então, não se empresta aos assentos, nem aos momentos que roubam.
O tempo colocou toalha de renda e um vaso de flores, de forma que hoje a vida é sem tempo pela mesa que não passou.

Casciano Lopes

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