21.12.20

Final de Era

 2020
Quando te vejo da sacada como agora... Quando te olho ir embora... Quando quero acelerar os ponteiros e virar o calendário... Te lembro em montanha, te vi passar em escaladas, te senti em morros, te apalpei em ladeiras quando me deitei em asfalto quente para beijar a saudade dos que partiam. Ah 2020!
Fizeste da pandemia um ensaio para meus dias pandêmicos expor... E expôs: a carne nua, do coração infartado maquiaste crua a dor, a despedida e a saudade.
Foi-se um tempo, embora este seja permanente, partiram pessoas ímpares que nele viviam, deixando como par da caminhada as memórias e suas histórias.
Aqui na sacada te olho e aprendo, enquanto na vista se desenha como tua silhueta o amanhã.
Seguiremos sem as pessoas que se foram, com novas limitações físicas e nos ajustando ao "viver é preciso".
Mas sobreviveremos às ações do tempo, sim, assim como os montes, somos inteiros... Se temos ladeiras que sobem, elas também descem, temos estradas e trilhas... E também paragens, árvores de sombra pra pescar coragem e lagos de molhar a vontade de continuar.

Casciano Lopes


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