Quando voamos em busca do alimento, desconhecemos as intempéries do voo e as condições do destino; sabemos apenas do objeto do desejo e é ele, que nos impulsiona pra fora do ninho.
No caminho, encontraremos muitos passarinhos, inúmeros, que como nós, estão a procura do que falta pra não voltar de bicos vazios.
É a rotina desde que se aprende a voar...No processo das alturas, acontece de tudo: desde amizades com os viajantes e que num ponto do percurso precisam seguir viagem ou que simplesmente são deslocados por alguma corrente de ar, até fraturas das próprias asas que pedem pausas em montanhas para tratamento e os outros voadores partem, voam, precisam seguir.
Em cadeias de montanhas o clima costuma esfriar, até abaixo de zero, muitas vezes a neve cobre as asas, tornando-as pesadas pro serviço e aí o tratamento se prolonga. O gelo dói, mas também conserva e confiando nisso, é que o penoso aguarda a estação do aquecimento, pra que de novo voe pra casa.
O que se aprende fora do ninho, é que voltar pra casa está além de fazer o mesmo caminho, é entender que como passarinhos, também precisaram voar os outros, que não eram nossos... Eram livres.
Precisamos saber encontrar ou fazer outros ninhos, permitir a cura das asas pode ser tarefa longe do que chamaríamos de lar; mas é casa toda vez que encontrarmos um canto pra cantar o nosso, muitas vezes ao lado de quem nem soube do nosso caminho, mas que sabe sobre ser passarinho.
Casciano Lopes
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