Sou uma mistura de tudo que me atravessou, desejos que dormiram lá em casa e compromissos que perderam a hora, mas também sou as alegrias que vieram sem avisar e as dores que foram embora sem se despedirem.
Sou todo modificado pelo relógio que pulsou no pulso que marcou o tempo como se soubesse passar.
Sou o menino que nasceu, um filho do vento que balançou a bananeira do terreiro e a corajosa tempestade que sacudiu o abacateiro do pomar, mas também sou a fragilidade da amora madura que cai do pé e se despedaça no chão, sou sua tinta que tinge o chão e que seca na brisa que sopra depois, por fim, tenho em mim pomares que alimentam, mas também desertos e profunda sequidão, onde o que me faz coragem é tudo que sou e que vive em mim mais que o medo.
Sou só contrição, construção, uma contração de quem nasce todo dia pra morrer toda noite sem perder o motivo que faz da junção de meus dias, a festa que atesta minhas idades.
Sou...
Casciano Lopes
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