17.10.10

Quando ele chega

Ontem... Quando a noite passou
Deixou na minha janela um frescor
Aroma desconhecido do olfato
Sabido apenas por meus pensamentos secretos
Por meu desejo escondido
Veio fagueiro no peito um bate-bate calado
Um inquieto pulsar
Na mente um cheiro deitado
Acomodado na vontade de tudo mudar
Veio de mansinho feito anjo
De voz doce acoplando aos ouvidos
A curiosidade das verdades
Da pele tocar, de lábios encontrar
De olhos ficarem juntos
Contando e cantando seus mistérios
Veio musicando minhas letras
Bailando meus salões
Restituindo minhas obras
Veio todo poeta como poesia
Escrevendo como há muito não se via
Dilacerando e levando pra longe
A dor que tanto doía
O coração já largado
Ditou as receitas da graça
Todo iluminado deixou o corpo guardado
Já se vai a saudade
Pintando de claro as horas
Tornando-se em alegria
Chegando em vôo a carta
Do pássaro em tom raro
Quase extinto
Quão doce
A voz cara do amor
Teu gosto em ninho
Tua colméia em flor.


Casciano Lopes

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