14.1.11

Couro de batuque

No batuque do teu surdo
Emudeci minha garganta
Esganiçada agora calada
Porque a marcação de teu tempo
Cala a banda, a praça.
A graça vem batida
Fazendo sentir tremer
Os tímpanos da alma
Como se ao lado dos abalos estivesse.
Quando passa amarrado a cintura
O teu couro de bater
Nas mãos a marreta do instrumento
Fico surdo e das cavidades de meu rosto
Brotam "ais" e "uis".
Sopros se agonizam
Arremessando-me ao teu chão
Para ouvir de perto teu eco
Teu bate-bate sacolejado
Respingando meus couros.


Casciano Lopes

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