24.10.13

Escrevo

Não sei se chegará ao destino a tal carta
Todavia peço que com todo zelo não a amasse
Procure não colocá-la no bolso para não molhar as letras
Quem sabe assim chegará ao seu destino ainda perfumada
Ao menos da tinta fresca resguardada
E meu gosto caligrafado sentirá perfumada as mãos do receptor

Não sei se o encontrará em bom estado e conservado
Mas ainda peço que apresse os passos
Que se possível antecipe a entrega
E se ao bater palmas a porta não se abrir
Tem minha permissão para rasgar o portão

E em posse do presente
Apresente ao passado minhas letras
Espere para que leia antes que morra
E me traga notícias enquanto vivo.

Casciano Lopes

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