Elabore... Conheça um mundo que já existia Decore a vista Se dependure em seus alpendres Visite seus guardados Organize seus esquecidos Isole-se com seus medos e exorcize-os... Todos!
Somos inteiros ... Espirituais e humanos Masculino e feminino Luz e sombra Positivo e negativo Bem e mal Bom e mau ... A estrada e o beco A praça e o gueto O mar e o deserto A primavera e o outono A brisa e o tornado O silêncio e a torcida ... Parte e todo Um e todos Nós e vós Eu e tu Todos em um Povo e terra. ... Macro e micro Estrela e poeira De pó e alma De só e solidão De cheiro e multidão De fogo e água ... De chão pra caminhar De tempo e trem De estação e passageiro De lua e sol De chegadas e partidas De meninos velhos ... Velhos meninos Passagem e porta Fechadura e abertura Tempo e verdade Mentiras e tempo Nascimento e hoje ... Ontem e amanhãs Viagem e malas Onde de mão ou não Viaja no compartimento A história de bolso ou não Do sagrado viver então.
Passava os dias ali Ensimesmado Passava as noites ali Pasmado Olhava o homem sentado Banhava-lhe os pés Da alma que molhava Tirava olhares em mares E corria tão lento Que o homem não levava ... O lavava. Casciano Lopes
Logo vivemos Logo morremos Logo na curva do rio Do tempo escasso Da ampulheta vazia Logo depois do vazio suspiro Do olhar parado e frio Do desapego do laço Logo depois do "vivemos" Um dia de desembaraço Abre-se um portal e passo Passamos todos... Um dia findo Finda o velho O novo moço Pra nascer o que não se mata ... O eterno Ser Uma calada calma de tempo ser.
Quando... Não ouvimos as esquinas Não abraçamos as buzinas Não cruzamos os faróis roxos Não apertamos um riso de guia Não falamos com as avenidas Não nos vestimos para o tempo
Quando... Não tocamos Uma mãe Um pai Um irmão Um amigo Um sobrinho Um braço de abraço
Então... Espelho sou eu O quintal sou eu Sou eu o ladrilho esquecido Sou eu o varal vestido Desnudo o tempo sou eu A rosa do jardim com seus limões Sou eu... Fazendo limonada do pé.
De veios e veias De ramos passados De galhos e de outrora De suspensas copas Solar tempo de seiva De bruta sombra de caule De chuva lavada em vento De juras ao pé de pé ou joelhos ... De tanto olhar-me passar Deitou-se ao chão pra passar Eu andante no tempo sem passar A impressão da vida... Sua impermanência.
As flores nos esperam Logo depois de alguns dias Logo na esquina do mundo Perto de um sonho E palpável como é o perfume Está chegando o dia De colocar na mala o olhar A estrada e os pés de caminhar Asas de voar e o céu que couber E cabe todo E tudo que alimentamos Regamos mares Novos canteiros nos esperam Regaremos... Distâncias? O que é distante para quem mundo é quintal...
De modo que tenho saudade E tendo concluo... Saudade não conjuga a dor Torna verbo só o que é amor Amigos e encontros Mesas fartas de risos Passarinho descuidado Dentro ou fora do ninho... Memorar Comemorar Lembrar e relembrar Toda a forma de sentir saudade Mesmo que a dor vier pra conjugar amor.
Vou pular no samba.... Sem arquibancada Sem avenida cheia Sem comissão de frente Talvez tenha as cabines... Julgadores, enfim Independente do enredo sempre tem. A evolução da harmonia, composição... É de autoria da vida Cabe-me executar cada passo com graça Feito mestre-sala Reverenciando a bandeira do tempo... Sim O desfile o tem Preciso cumprir.
Hoje quero ficar sem nada... Sem pele vestida Sem face maquiada Sem mãos empanadas Sem olhar empalhado Só alma nua ... Só alma Essência Divina Pura...
O momento pede A calma comunica Só alma se anuncia Boca nem balbucia Quando o coração pronuncia. E eu desvestido para te acompanhar Aprendo todo dia Com que roupa que eu vou... De humanidade sem deixar de ser divino. Casciano Lopes
Que a caneta se arraste Ao menos um pouquinho E se por descuido ou desalinho A folha que se empresta, se afaste, Puxe-lhe a orelha de cantinho Castigue com assento um banquinho E dedilhe fala em tinta o que pintaste Se for de verso tua vida vira caminho Se de diário talvez um burburinho Mas importa dizer do viver ou desgaste Da palavra que há de ser guindaste Embora hora espinho, hora passarinho Convivem... Contraste. Casciano Lopes
Tive que aprender muito rápido... Ficar mais sentado, mesmo quando a vontade me pedia chão de caminhar. Ficar mais calado, mesmo quando a história me exigia palavras. Ficar dentro de meus pequenos quartos, mesmo quando a casa grande do mundo pedia vistas e visitas. Ficar olhando a valsa da vida e saber que os olhos bailam se a salsa e o samba perderam o compasso em mim. Ficar... Ficar... Não na estação de esperar o trem, mas nos trilhos que transportam o tecido da vida. Na poesia de bordar, viver e no olhar carregar o necessário para não ficar... Nem aquém Nem além Aqui e agora é o suficiente Mas em todo tempo sabendo de lá ... Todo tempo sabendo. Casciano Lopes
É preciso Linha calma para transpasse do coser Linhas de formas delicadas para caber No tecido da vida a estampa de fazer A arte de existir todo dia acontecer Nos pespontos da alma pano viver Ser remendo forte talvez precisa ser Remendar-se... Vi... Ver. Casciano Lopes
Aos amados que compartilham desta jornada chamada viver... Deixo gratidão... Ao amparo, apreço e carinho, muitas vezes disfarçados de curtidas, comentários ou compartilhamentos. Aos olhares cúmplices, aos apertos de mãos, ao silêncio dos abraços curadores. Abraços em poesia aos que seguem o meu blogue Sino do Tempo, aos leitores assíduos que com suas mensagens amáveis me incentivam desde 2010, possibilitando as marcas atingidas no desejo de tornar este, um mundo mais poético... Em versos. Aos clientes amigos, pacientes e alunos que confiaram suas necessidades enquanto entendiam minhas limitações no tempo/espaço do mestre terapeuta. Saibam todos que estão guardados na conserva do bem querer. Vou ali em 2020... Não só em um novo endereço (que é só geografia), mas em um novo canto e sua forma de cantar esse Ser que todos nós trazemos dentro deste corpo templo para evolução. Quem dera encontre bom lugar as vicissitudes da vida, quem dera as dores do crescimento (as que rasgam a alma para caber mais Eu), encontre bom endereço. Saibam todos que o olhar deve se manter apreciativo pela vida e que a estima deve se manter numa crescente, por nós mesmos e pelo outro, mesmo que para tanto, tenhamos que apelar à oração da serenidade. "Concedei-me, Senhor a serenidade necessária Para aceitar as coisas que não posso modificar. Coragem para modificar aquelas que posso e Sabedoria para conhecer a diferença entre elas. Vivendo um dia de cada vez". Que as alegrias percorram nossos caminhos nos lembrando sempre de que somos seres espirituais numa experiência humana e não o contrário. Demais e sem mais, fiquem na certeza de que todo o caminho se abre com um primeiro passo. Beijos de Casciano Casciano Lopes
Há pessoas que se fixam por uma única frase, muitas vezes por uma palavra... A presença marcante nem sempre ou quase nunca vem em uma estampa boa da figura, elaborada na genética da beleza. O que registra em nossos sentidos a impressão de eternidade é o que está no DNA do olhar da alma, que um alguém despretensiosamente lança sobre um momento em que estamos inseridos sem palavras... Ali ocorre a fusão de elementos capazes de nos tornar palavra que o tempo não apaga.
Tenho dias De Clarice De Chico De Mário De Caetano De Cora De Gil De Patativa De Caio De Renato De Cecília De Adriana Dias de passarinhos Dias em que voo ... Meio Manoel.
Mundo molhado esse! De um cinza encharcado Com ruas choradas Prédios úmidos Sacadas frias ... Vou aquecer caminhos Um café quente de vontades Há de conseguir raiar... O dia O homem A fotografia.
Depois de um tempo... Você não esconde a barba branca O cabelo faltante As marcas do tempo em vincos A canseira... A palidez de um dia... Até porque suas cores mais vivas, estão do lado de dentro Seus dias em copas florescem no pulsar E esse movimento talvez o tempo com sua câmera não capte Talvez seja isso que faz nosso relógio valsear e não sambar. Casciano Lopes
Talvez ocorra no interior do interior Onde a vista não aviste Talvez na nua terra caminhante Onde pés de caminhar, caminham Ou talvez brote em moldura Onde o vazio se preencha dele ... O amor quando se empresta Ocupa e desocupa vazios.
O homem finito desta experiência humana, ainda não entendeu que seus acúmulos não pagam a cama mais cara do mundo. Que seus bens não possuem poder de negociação diante do grande portal e que a cama do hospital tem memória afetiva mas sofre de amnésia materialista. Que seus lençóis precisam da seda do coração bem mais do que a cara cédula que envolve um pretenso corpo de sucesso. Amadureçamos nas camas baratas de nossa passagem e que possamos gastar alegria nos lençóis sofisticados da simplicidade de nossas relações.
A escrita perde as mãos e as letras a valsa A partitura sem maestro deixa triste a composição que passa A canção fica estranha em busca de ritmo no terraço Miúdas notas procuram linhas e espremem-se nos espaços Até os pássaros procuram assobios para cantarolar A bailarina passos para em palco encenar o seu bailar O realejo sem bilhetes deixa acamado seu mensageiro E o baile sem motivo deixa mudo dançantes e sanfoneiro. Casciano Lopes
Gratidão Ao silêncio que me ensina sua calma Aos encontros com o espelho meu Às certezas que viram dúvidas Às respostas que viram perguntas À intolerância que me posiciona Aos sagrados templos: corpo, lar e Terra À poesia que me apazigua À busca da coerência que me doutrina Às diferenças que me tornam ímpar Aos Mestres que me orientam Às dificuldades que me dão caminhos Ao meu complemento divino Carlos Amor Aos meus amados Pais portais de luz À vida que continua vibrando pulso. Gratidão Casciano Lopes 49 brindes com milhares de motivos.
Deixo aos queridos Um punhado de amor nas mãos Semeie feito semente Há de brotar punhos fortes ... E capacidades Porque é capaz o amor Tudo pode o olhar comprometido com ele.
De tão humanos Perecíveis Falíveis Nos amedrontamos em folhas Nos escondemos em amarelos Sem nos sabermos fortes adubamos o tempo E ele se fortalece Senhor, plácido e paciente Não passa... Passamos nós Por ele.
Hoje a Terra me trouxe o frescor da sombra ... No abraço acolhedor do amigo Hoje a Água me trouxe o perfume da calma ... No colo abrigo do amigo Hoje o Ar me trouxe o silêncio da alma ... No olhar generoso do amigo Hoje o Fogo me trouxe o ritmo da dança ... No coração aquecido do amigo. E são muitos... A grande mãe que me sustenta Cedeu seu quintal para a festa Meu coração então virou aldeia E suave corre a alegria pelas veias. Bebida que se entorna Para banhar de poesia O tempo que não se contorna E lavar de cheiro a vida que se inicia. Casciano Lopes Em gratidão aos que pisaram com reverência em minha aldeia 03 de outubro de 2019 Em primavera capaz 49 anos em gratidão
Por vezes me encolho Me apequeno em um tempo Junto quase nada e parto Viagem longa para pouco corpo Sem malas, sem relógio de marcar... Só a bússola que toca o norte E me oriento todo Fico grande Diante do maior ainda. Casciano Lopes
Os ciclos se findam Se renovam... O ontem deixa de amedrontar A palavra ferina perde o fio Todo o intento vira bento Quando no olhar, do lado de dentro Mora um tempo de flores Um templo de Ser De flor e ser Ser flor no caminho Florescer com jeitinho Sabendo o perfume Que se guarda em ninho. Casciano Lopes
É sagrado todo chão Toda forma de ser irmão Sagrada toda casa, plantação Todo abraço e aperto de mão
Benta toda invocação Santo todo sim e todo não Todo corpo em construção É templo em restauração
Sacra é toda criação Divina liberdade é sermão Felicidade é toda obrigação Onde sorrir e seu direito é oração É gratidão É vida em canção É sagrado sim o casarão Um globo carente de união ... sem desrespeitar a individualização. Casciano Lopes
Aos que me adormecem em poesia Deixo um brilhante... Um sol ao amanhecer Aos que me despertam em caligrafia Deixo um enluarado Um luar de olhar Olhar e olhar de lua Entender que vira noite o dia Dia a noite E permanece a palavra Com sua forma de dizê-la A poesia. Casciano Lopes
Procura-se acaso Que se comprometa Com o caso do humano Mesmo que para tanto Deixe de ser acaso Ocasião de ocaso Onde o homem deita Sem pressa ou prazo. Casciano Lopes
Silêncio Numa rua da Bolívia um homem perdeu seu filho Num rio da Índia um menino perdeu sua mãe Nos ares da Colômbia um piloto perdeu a direção No mar da Arábia uma criança perdeu a embarcação Numa calçada de Portugal um idoso perdeu guia, sua mão Numa praça da Rússia uma gestante perdeu seu bebê Num beco da Romênia uma menina perdeu sua infância Numa floresta do Brasil um povo perdeu sua etnia... Pede-se silêncio Perde-se sonhos todos os dias Um silêncio. Casciano Lopes
Minha roupa tem as cores do tempo Assim como os vincos da pele... O Tempo Meu andar carrega a história do tempo Assim como os calçados gastos... De Tempo Meu devagar anda como relógio velho de tempo Assim como vagam as horas dentro dele... Do Tempo Minha gargalhada virou riso quando dobrou o tempo Assim entre aspas colocados lábios de dizer dele... Tempo Meu medo virou coragem depois de vencer o tempo Existir
... Tempo, tempo, tempo ... Eu sou Tempo enquanto ele passeia por mim ... Eu desfilo por ele enquanto há ... Enquanto existo Tempo ... Ele se gasta em mim, assim, tempo.
O que dizer dessa gente? Criaturas que apregoam que não são desse mundo, mas que usam as riquezas dele, que usufruem da Natureza e sua grandeza, que sentem-se no direito de conduzi-lo... Que quebram sem cerimônia o silêncio do outro, que desrespeitam a individualidade comum a todos, que ferem o direito de liberdade pessoal e intransferível de cada ser humano... Que agem de forma destoante de seu mestre e que vivem em desacordo com os manuscritos de seu próprio livro guia, poderia eu citar aqui uma centena de versículos para esta afirmação. Que impõe seus dogmas, ferindo o que há de mais sagrado nas relações humanas; o respeito ao sagrado do outro. Que rasgam nossas portas com seus microfones impertinentes, nos lembrando e nos fazendo concordar em uma única coisa; que de fato não são deste mundo. Sofremos uma invasão de alienígenas há tempos. Convém ao Estado tê-los ao seu serviço, a história nos mostra a realidade de como a religião serve aos caprichos do homem e sua sede de dominação. A isenção de impostos está aí para a prova do escambo. Deus é outra história. Casciano Lopes A criação de uma estória Poderá ser contada como verdade Muito mais facilmente do que uma história. Casciano Lopes
Ruelas Vielas Becos Guetos Ruas Avenidas Marginais Montes Alpes Estradas Corredores Caminhos Trilhas Atalhos Abismos Chapadas Cruzamentos Paralelas Transversais Faróis Calçadas Escadas Grutas Cavernas Estações Ferrovias Portos Aeroportos Rodoviárias Lagos Poças Riachos Açudes Rios Cachoeiras Cascatas Mares Geleiras Desertos Oásis Fogueiras Correntes Jardins Espinhos Raízes Caules Copas Folhas Galhos Frutas Círculos Esferas Homens Matérias Luz Sombra Dia Noite Masculino Feminino Positivo Negativo Bem Mal Sol Lua Amor Ódio Caças Caçadores Cadentes Nascentes Que sobreviva o melhor Que viva em órbita a essência Que exista em amor e harmonia Que seja um universo, tal qual O Universo, um infinito. Casciano Lopes
O caminho existe para a reflexão. Tanto quando caminhas como quando descansas. Refletir também é seguir. As pausas nos auxiliam numa viagem mais coerente.
A virtude está na força calma No poder do olhar que cuida Na reunião do amor que prevalece Está na eternidade cósmica que acalma E na coragem e grandeza da leveza ... Leveza que paira Sobre quem não finca aqui sua existência E que nada possui para levar Muito mais para deixar... Compartilhar.
As rachaduras frestas fissuras feridas cortes e aberturas... Todos serviram à luz e seu luzir assim como penhascos favoreceram voos e estreitos travessia para quem nadou. Casciano Lopes
Era um menino de meninices De repente um homem Um homem cheio de meninos A roça O café de moinho A paineira da porta O trator da terra O rádio de parede O cachimbo conversador No fumo de rolo de prosa Era menino homem Homem menino ... É Homem Menino Terra florestada Onde menino plantou Terra reflorestada Onde homem... Plantou Planta Plantará Nos campos do homem Sempre brota um pé de menino. Casciano Lopes
Ao que dedicas teu tempo E as prioridades de teus dias Dizem muito de tua essência E tua verdade se derrama na estrada Embora tempo não exista Embora essência é coisa que exala... Estrada ainda é passagem Uns se esgueiram pela beirada Outros comem faixa Outros atropelam pedestres Outros fincam pés impedindo o fluxo Outros de lento caminhar... Outros... Outros... Há quem flutue Feito perfume no ar... Tempo de ser quem é Não se pode enganar Não mais Tempo não há.