9.10.12

Nas oitavas de uma saudade

Aquele cafezal... Ah, aquele cafezal!
Os carreadores não saem jamais da lembrança,
Com sua gente no derrice,
E seus cigarros de palha atrás das orelhas.
Não me abandona a saudade da mulherada das peneiras,
Com suas cantigas oitavadas,
Não foge a delicadeza das moringas,
Descansando frias embaixo dos pés carregados.
Não desaparece no túnel do tempo,
O ronco dos tratores e nem o trotar dos cavalos,
Ah, os picuás e embornais de um cru tão interiorano,
Que tinha o poder de dar gosto de costela na polenta.
Posso sentir o cheiro de capim tenro,
Da terra fofa e de toda aquela minha gente,
Que ainda vive na memória,
Embora tantos tenham se apressado na partida.
Digo assim para a saudade:
Que ainda vive aqui um Paraná
E sei,
Que vive lá um menino do interior.

Casciano Lopes


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