Há momentos em que ouso ser céu,aí brinco de cometa passando por ele,
finjo ser estrela e até lua,
mesmo que uma nesga dela.
Me permito a imensidão e viro uma licença
para os andantes cá embaixo se demorarem nas ruas.
Mas também há os dias em que anoiteço sem céu,
amanheço sem sol, dias de terra,
noites de breu que não vejo a rua,
dias de rua simplesmente;
que viro o calçamento pisado,
a poeira que o vento sopra,
o barro molhado dos solados de fazer pisada.
E por mais conflitantes que possam ser essas versões,
sou eu assim; um complexo homem grávido,
gestando um estado de paz,
dentro do conflituoso mundo de estadia sem permanência,
onde céu e terra moram na mesma casa,
dentro de mim.
Casciano Lopes