17.9.22

Alfândega

A gente nasce um tanto desprevenido e com os dias vai arrumando a mala. Primeiramente arranjamos uma e então começamos a embalar os pertences; colocamos uma memória como fundo de bagagem e vamos dobrando com jeito a saudade, aquele adeus que não demos ou aquele abraço tímido que ainda não sabia despedir-se e precisamos até apertar os cantinhos pra acomodar olhares e falas pequenas, para os silêncios sagrados encontramos um cabimento na mala de pertencimentos.
Parece que envelhecemos comprimidos, abastecidos e até enriquecidos de lembranças tantas, que se não cuidarmos pagaremos por excesso.

Casciano Lopes

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