É nascido em mim um rio que corta quem sou...
Cresceu nos fundos de uma casa de madeira da fazenda e corre ainda em mim, ainda me provoca cheias e devasta minha vegetação, ainda me causa solidão quando seca e me alegra quando renasce, e de novo brota das chuvas me trazendo frescor, tilintando seus seixos, equilibrando os eixos da ponte por onde passo, e onde paro pra admirar o curso de tudo que aprendi olhar, pra abastecer meu fluxo de idas, por onde anda o tempo.
Tenho dias de profunda calma e certezas, e outros de angústia que me enchem de dúvidas me transportando pra uma crise de identidade. Ah... não fosse o rio com suas correntes, talvez não fossem arrastados meus pedaços tristes e raivosos, pra que viesse a calmaria junto com as águas que me banham inteiro, e me deixam possível de abrigar feito leito, com seus trechos, com ou sem margens, mas capazes de transbordar o que nem cabe em mim, por isso corre, corta e passa, e eu... sou só berço de nascido, pra contar do rio.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Seu comentário é muito bem vindo, após aprovação será publicado.