Tenho momentos de profunda convicção
Intercalados com dúvida e interrogação
Penso ser convicto disso... numa exclamação.
Casciano Lopes
Na dúvida, certezas
27.11.14
31.10.14
3.10.14
25.9.14
Compartimento alar
Sou pequeno, mas cabe em mim um céu
E se bater minhas asas, caberá revoadas
Um norte sem nuvens na corrente de ar.
Casciano Lopes
E se bater minhas asas, caberá revoadas
Um norte sem nuvens na corrente de ar.
Casciano Lopes
Frequência calada
O silêncio é minha porta,
a estrada da quietude se abre de boca fechada
e os jardins dos soluços são mais floridos que os dos gritos.
A vibração dos suspiros é mais intensa que a dos alardes.
Casciano Lopes
Casciano Lopes
29.7.14
Queda livre das águas
A chuva que lava os olhos
É a mesma que lava a terra
Mundos molhados de rios em busca do mar.
Casciano Lopes
É a mesma que lava a terra
Mundos molhados de rios em busca do mar.
Casciano Lopes
Em off
Meu silêncio...
Canta, murmura
Chora, soluça
Ou... simplesmente silencia.
Nos seus agudos
Aprendo ralentar calado.
Casciano Lopes
Canta, murmura
Chora, soluça
Ou... simplesmente silencia.
Nos seus agudos
Aprendo ralentar calado.
Casciano Lopes
Do que é cíclico
Era o tempo que cozia as cãs
E o tinto tão da moda era cru.
Ao ponto apaga-se o fogo
E acolhe o Universo quem dele brotou.
Casciano Lopes
E o tinto tão da moda era cru.
Ao ponto apaga-se o fogo
E acolhe o Universo quem dele brotou.
Casciano Lopes
Isca calada
Que a pesca não assuste os peixes e que os gritos não desviem o curso dos rios.
Casciano Lopes
Casciano Lopes
Teimosia moralista
Nos vestem camisas pesadas
Nos colocam abotoaduras nas mangas
E teimam em apertar os colarinhos
Quando tudo que queremos é andar nus
De frouxos cintos até que se dispam as pernas
Dentro do caminho das levezas.
Casciano Lopes
Nos colocam abotoaduras nas mangas
E teimam em apertar os colarinhos
Quando tudo que queremos é andar nus
De frouxos cintos até que se dispam as pernas
Dentro do caminho das levezas.
Casciano Lopes
Visto um livre por aí...
Das vergonhas pouco tenho o que dizer
Não possuo capacidade de entendê-las
De modo que penso ser um desavergonhado.
Casciano Lopes
Não possuo capacidade de entendê-las
De modo que penso ser um desavergonhado.
Casciano Lopes
Angustura de tristura
A mesma correnteza que desce cantarolando o desfiladeiro
Chora soluçando as barrancas do triste, da tristeza hospedeiro.
Casciano Lopes
Chora soluçando as barrancas do triste, da tristeza hospedeiro.
Casciano Lopes
CEP de minha rua
Preciso saber mais do que mora aqui
Do que daquele que ainda está no caminho
Num caminhão de mudanças.
Casciano Lopes
Do que daquele que ainda está no caminho
Num caminhão de mudanças.
Casciano Lopes
Se pular as janelas, sou 'Do Pulo'
Se a alegria está dentro de casa
Perco as chaves
Se está do lado de fora, viro chaveiro.
Casciano Lopes
Perco as chaves
Se está do lado de fora, viro chaveiro.
Casciano Lopes
Correspondência balbuciante
Se meramente eu disser um sorriso
No silêncio com esmero correspondas.
Casciano Lopes
No silêncio com esmero correspondas.
Casciano Lopes
Certidões
Ao longo da vida nascemos e nascemos, sem 're', só nascimentos.
Ainda tenho 43 anos e aguardo tantos outros nascimentos futuros, tão importantes quanto todas as datas em que, de novo, nasci.
A capacidade de recomeços não vem ao acaso, vem das impossibilidades e nelas temos o dever do descobrimento das coisas possíveis e então, dá-se o nome: possível. Sim, é possível nascer quantas vezes se fizer necessário.
Assim vou colecionando certidões lavradas nos cartórios das vilas por onde andei.
Aprendi ainda que antes de cada 'dar a luz', houve um período gestacional, períodos de noite sem lua, de deserto escaldante onde o encontro era comigo mesmo. Em cada um desses encontros pude conhecer um lado ainda não explorado e neles, conquistas importantes aconteceram, sempre de dentro para fora.
Assim, maio de 1996 quando olhei pela primeira vez meu grande amor, não foi menos importante que outubro de 1970 quando olhei o mundo pela primeira vez e, por conseguinte, setembro de 2012 quando descobri o reiki e nele fui iniciado foi tão importante quanto as duas datas anteriores... E agora em julho de 2014 com a montagem do consultório Kurama de terapias reiki e florais me descubro um novo nascido.
Que bom que essa vida seja assim dividida e que em todo esse tempo houve mãos de 'parteiras' que auxiliassem os partos. Gratidão sempre aos emissários que o tempo trouxe para manter os ponteiros circulando. A mim coube pulsar e posso dizer... Vivo!
No último período que fechou um ciclo, eliminei literalmente um peso que carregava há duas décadas, 22 quilos e agora com o espelho está tudo lúcido; uma das tais conquistas mencionadas em períodos sem lua. Em outro anterior a esse a poesia me encontrou e nela conheci essa que até hoje é minha força motriz.
Enfim, hoje mais feliz quando se descortina o novo mundo, porque a cada nascimento se desvendam novos prismas, continuarei contando com todos que fizeram parte dessa ainda tão pequena história, mas que com certeza é bem grande na vontade de continuar chancelando passagens nesse trem chamado vida.
Casciano Lopes
13.6.14
Além das horas
Todos os dias faço cama e mesa como se fosse receber visitas
O novo que amanhece é um desconhecido que carece de atenção.
Casciano Lopes
O novo que amanhece é um desconhecido que carece de atenção.
Casciano Lopes
30.5.14
Comunitário dolor
A alegria vive do lado de dentro, sobretudo quando o individuo não vive do lado de fora da lágrima alheia.
Casciano Lopes
Casciano Lopes
Espaços invertebrados
Quando nada é que sou meio
Quando tudo é um nada inteiro
Tudo não é, nada há.
Casciano Lopes
Quando tudo é um nada inteiro
Tudo não é, nada há.
Casciano Lopes
13.5.14
Auto conhecimento
Não lamento o fato de não agradar a todos, não perco um minuto de meu precioso tempo me ocupando com desocupados e não desvio um milímetro de minha rota para buscar caminhos que não são meus.
Houve um tempo distante em que a opinião alheia me afetava, mas os dias passaram e trouxeram amadurecimento, hoje não me prendo ao que não tenha nascido de meu coração.
Sou afortunado, tenho ao meu lado o homem mais especial do mundo, a família em que nasci foi escolhida entre as melhores sementes e os poucos amigos que fiz... poucos porque soube escolher, são para a vida toda e tenho certeza que ás 4 horas de uma madrugada de inverno, atenderiam o telefone e me ajudariam caso eu precisasse, então... o que posso querer mais da vida? Só tenho a agradecer e a estes dizer, que a recíproca é verdadeira até em madrugadas chuvosas.
Tenho capacidade de produção. Escolhi vertentes que nem todos compreendem, talvez porque não viva dentro da caixinha do sistema, mas é fora dela que hei de viver até o último instante. Não me obrigo a ler o que todos leem, pendurar os diplomas que todos penduram, apertar as mãos do egoísmo, fingir ser político ou polido.
Sou uma produção independente, o que faço e falo condizem com um pensamento baseado no que acredito, os que arrebatei foi porque me emprestaram verdade e a esses, dou-lhes a minha.
Casciano Lopes
Disse a cadente
Eu estrelinha
Entrelinha deduzo
Constelação me escreve
Seu brilho traduzo
Pequena como ribeirinha
Me escorro por entre luzes.
Casciano Lopes
Entrelinha deduzo
Constelação me escreve
Seu brilho traduzo
Pequena como ribeirinha
Me escorro por entre luzes.
Casciano Lopes
22.4.14
Tenho em mim
Relâmpagos e trovoadas
Raios e nuvens pesadas
Ora chovo tempestade
Ora chuva mansa
Ora só garoa
...Nuvens claras
Ainda convivem sol e lua
Chão e estrelas
Uma noite toda noturna
E outra clara como o dia
No findo ter, da luz que não se acaba.
Casciano Lopes
Raios e nuvens pesadas
Ora chovo tempestade
Ora chuva mansa
Ora só garoa
...Nuvens claras
Ainda convivem sol e lua
Chão e estrelas
Uma noite toda noturna
E outra clara como o dia
No findo ter, da luz que não se acaba.
Casciano Lopes
Os mundos são rotas de fuga
Na quebra do vento
Me descubro curva
Na dobra da água
Me encontro esquina
Na descida da terra
Me vejo subideira
No ardume do fogo
A própria madeira.
Casciano Lopes
Me descubro curva
Na dobra da água
Me encontro esquina
Na descida da terra
Me vejo subideira
No ardume do fogo
A própria madeira.
Casciano Lopes
Desconcerto do equívoco
Para que serve a arrogância humana, cultivada pela ignorância, adubada pela hipocrisia e aguada pela demagogia?
Se todas as quatro serão sepultadas juntamente com o corpo vil, um corpo que não viu a solidariedade e desconheceu qualquer forma de amor?
Num além, pós-pó... restará um aquém do que não se pode remediar.
Casciano Lopes
Conceito
Você questiona a verdade das relações humanas
quando suas necessidades especiais
transformam-se nas dificuldades do outro.
Casciano Lopes
Um substantivo masculino
Amor é talvez despretensão
Germina do que não se precisa razão
É quem sabe casa no vento
Abriga até a velocidade do tempo
O amor tal qual a cegueira precisa crer
E nos tropeções ainda amar o decrescer
O amor precisa urgentemente amar
Quer ser visceral, imparcial se apresentar
Amor, forma singular de existir
Sem ele, o crime e o castigo é se reduzir.
Casciano Lopes
Germina do que não se precisa razão
É quem sabe casa no vento
Abriga até a velocidade do tempo
O amor tal qual a cegueira precisa crer
E nos tropeções ainda amar o decrescer
O amor precisa urgentemente amar
Quer ser visceral, imparcial se apresentar
Amor, forma singular de existir
Sem ele, o crime e o castigo é se reduzir.
Casciano Lopes
11.4.14
Raiz forte
Eu continuo por aqui
O tempo cozeu as raízes
Algumas ficaram doces, eram amargas
Doces outras, fortes tornaram-se
Moro na mesma casa de madeira
Com paineira no terreiro
e 'João de Barro' vizinho do poleiro
Vivo no mesmo banco do pé de amora
Cá dentro corre uma estrada de terra
E na boca ainda da fruta o gosto aflora.
Meu endereço não envelheceu
O carteiro me encontra, o leiteiro
Os que voam minhas lembranças
Traçam os mapas para o que se perdeu.
Casciano Lopes
O tempo cozeu as raízes
Algumas ficaram doces, eram amargas
Doces outras, fortes tornaram-se
Moro na mesma casa de madeira
Com paineira no terreiro
e 'João de Barro' vizinho do poleiro
Vivo no mesmo banco do pé de amora
Cá dentro corre uma estrada de terra
E na boca ainda da fruta o gosto aflora.
Meu endereço não envelheceu
O carteiro me encontra, o leiteiro
Os que voam minhas lembranças
Traçam os mapas para o que se perdeu.
Casciano Lopes
9.4.14
3.4.14
O poema cabe num ponto final
O poema fala de um instante
É um momento de poesia
A hora é dela quando acontece
...Da poesia
Ora uma alegria faz dispará-la
Ora a tristeza o faz
Ora desce sem motivos...
E o poeta neste instante
Não tem começo e nem fim
Há que ser respeitado o poema
Diz a poesia quando ponteia o poeta
Em um ponto final.
Casciano Lopes
É um momento de poesia
A hora é dela quando acontece
...Da poesia
Ora uma alegria faz dispará-la
Ora a tristeza o faz
Ora desce sem motivos...
E o poeta neste instante
Não tem começo e nem fim
Há que ser respeitado o poema
Diz a poesia quando ponteia o poeta
Em um ponto final.
Casciano Lopes
26.3.14
Assédio... um capital falido
Quiseram calar-me
Afugentar minhas capacidades
Quiseram bulir no que há de mais primitivo
Tolher minha liberdade de expressão
Quiseram o tempo todo...
Descontentar-me para submeter-me
Divergir para proibir meu pensamento
Desvirginar minha condição humana
Expondo minhas vergonhas
Envergonhando o caçado quinhão
Quiseram sim...
Omitir, mentir o merecimento
Desmentir, oprimindo o lutador
E pela palavra que aprendi
Bradei, bastei, rasguei acordos que não fiz
Hoje sou a caça e o caçador
Capaz de reprovar quem quiser se adonar
Sou a cartilha e quem a escreve
Um trabalhador.
Casciano Lopes
Afugentar minhas capacidades
Quiseram bulir no que há de mais primitivo
Tolher minha liberdade de expressão
Quiseram o tempo todo...
Descontentar-me para submeter-me
Divergir para proibir meu pensamento
Desvirginar minha condição humana
Expondo minhas vergonhas
Envergonhando o caçado quinhão
Quiseram sim...
Omitir, mentir o merecimento
Desmentir, oprimindo o lutador
E pela palavra que aprendi
Bradei, bastei, rasguei acordos que não fiz
Hoje sou a caça e o caçador
Capaz de reprovar quem quiser se adonar
Sou a cartilha e quem a escreve
Um trabalhador.
Casciano Lopes
Nas vias de meu silêncio, meu barulho
Quando as paredes silenciam
Ainda resta a rua...
Esta jamais nega uma árvore falante
Uma mulher que resmunga e um menino brincante
Há vida que corre nas calçadas junto aos pássaros
Enquanto bancos escutam sonhos que voam.
Casciano Lopes
Ainda resta a rua...
Esta jamais nega uma árvore falante
Uma mulher que resmunga e um menino brincante
Há vida que corre nas calçadas junto aos pássaros
Enquanto bancos escutam sonhos que voam.
Casciano Lopes
Linhas além
Todo dia construo janelas nas velhas paredes
Paredes gastas, sem mais linhas para tanta história
O mundo que vejo através de minhas vidraças
Possui linhas virgens, sobras de tempo esperando casos.
Casciano Lopes
Paredes gastas, sem mais linhas para tanta história
O mundo que vejo através de minhas vidraças
Possui linhas virgens, sobras de tempo esperando casos.
Casciano Lopes
Cabe quanto pesa
Se soubesse o quanto
Talvez em mim
A medida não caberia
O quanto, se perderia
E eu, continuasse sem saber.
Casciano Lopes
Talvez em mim
A medida não caberia
O quanto, se perderia
E eu, continuasse sem saber.
Casciano Lopes
Nada vejo... Nada ouço... Nada falo
Fugir, pode ser nada fazer
Imobilizar-se, também é fuga.
Casciano Lopes
Imobilizar-se, também é fuga.
Casciano Lopes
13.3.14
Quarto e cozinha
Até o aperto...
Dos corpos espremidos em vãos
Dos corredores estreitos de chão
Dos exprimidos anseios castigados
Dos inconsoláveis enfeites pendurados
...Não se sabe
Até...
Que as plantas reclamem da falta de sol
Que as portas se fechem em caracol
Que a rua desminta um endereço
Que a casa pressinta fim ou começo
...Não se sabe
Da liberdade, dizer
Da amizade, o que é
Da dor, o doer
Da tarde, um fim de fé
...Até
Conviver com seus cômodos
Vizinhos ou parentes incômodos
Rever ausências e suas reticências
Desalinhos virar caminhos de residência
Não se sabe...
Da força do quarto e cozinha de cada um.
Casciano Lopes
Dos corpos espremidos em vãos
Dos corredores estreitos de chão
Dos exprimidos anseios castigados
Dos inconsoláveis enfeites pendurados
...Não se sabe
Até...
Que as plantas reclamem da falta de sol
Que as portas se fechem em caracol
Que a rua desminta um endereço
Que a casa pressinta fim ou começo
...Não se sabe
Da liberdade, dizer
Da amizade, o que é
Da dor, o doer
Da tarde, um fim de fé
...Até
Conviver com seus cômodos
Vizinhos ou parentes incômodos
Rever ausências e suas reticências
Desalinhos virar caminhos de residência
Não se sabe...
Da força do quarto e cozinha de cada um.
Casciano Lopes
11.3.14
Pessoa de minha pessoa
Vou passar feito a feia da esquina
Ou a bonita da vitrine
Tornar-me obsoleta como notícia
Ou a capa mais vendida da banca
Esta pessoa passará, o manequim
...Até mesmo o jornaleiro
Passar, um verbo em plena execução
Comum às pessoas
Que não querem conjugá-lo.
Casciano Lopes
Ou a bonita da vitrine
Tornar-me obsoleta como notícia
Ou a capa mais vendida da banca
Esta pessoa passará, o manequim
...Até mesmo o jornaleiro
Passar, um verbo em plena execução
Comum às pessoas
Que não querem conjugá-lo.
Casciano Lopes
Via
Quando sou calçada
Duro mais que pedra
Não quero só o concreto
Quero o sentir, rua úmida a fluir
Sei que posso ser a chuva
Traçar com pernas calçadas
Se não um Gene Kelly, talvez sua passada
Sua dança, seu calçado encharcado
Mais que calçada, um chão
Um jornal molhado, um habitante
Uma folha itinerante, um guarda chuva, quem sabe...
Duro mais que pedra
Não quero só o concreto
Quero o sentir, rua úmida a fluir
Sei que posso ser a chuva
Traçar com pernas calçadas
Se não um Gene Kelly, talvez sua passada
Sua dança, seu calçado encharcado
Mais que calçada, um chão
Um jornal molhado, um habitante
Uma folha itinerante, um guarda chuva, quem sabe...
Abrigar o abstrato enquanto me disfarço de passagem.
Casciano Lopes
10.3.14
7.3.14
Sentir x Falar
Há momentos em que a língua se cala
O coração se abala e a palavra perde a fala
Há um instante no tempo
Em que os verbos se prostituem
A cartilha se omite e o lápis perde a calma
Há um homem em tudo isso
Há muito... Há pouco... Agora mesmo
Há e haverá o que pensar, se não dizer.
Casciano Lopes
O coração se abala e a palavra perde a fala
Há um instante no tempo
Em que os verbos se prostituem
A cartilha se omite e o lápis perde a calma
Há um homem em tudo isso
Há muito... Há pouco... Agora mesmo
Há e haverá o que pensar, se não dizer.
Casciano Lopes
Do inferno
Me adjetivam todo o tempo...
Envergonhando vez ou outra, o dicionário dos bons modos das palavras
Atiçam minha ira enquanto discordo do mundo
Enfurecem meu quietar e eu só penso em quieto ficar
Me arrancam as medidas e ainda assim, teimo em me despir, vestir ideias
Descubro em cada ciclo lunar, um [da lua] em meu interior
O mesmo louco que aflige os obscuros difamadores sem astros...
Continuarei enluarado, da lua, de lua, em lua...
Porque sei que não sou daqui, é que me calo
Deixo a guerra para os que pleiteiam um pedacinho desse chão falido
...O inferno de cada um.
Casciano Lopes
Envergonhando vez ou outra, o dicionário dos bons modos das palavras
Atiçam minha ira enquanto discordo do mundo
Enfurecem meu quietar e eu só penso em quieto ficar
Me arrancam as medidas e ainda assim, teimo em me despir, vestir ideias
Descubro em cada ciclo lunar, um [da lua] em meu interior
O mesmo louco que aflige os obscuros difamadores sem astros...
Continuarei enluarado, da lua, de lua, em lua...
Porque sei que não sou daqui, é que me calo
Deixo a guerra para os que pleiteiam um pedacinho desse chão falido
...O inferno de cada um.
Casciano Lopes
26.2.14
Ribonucleico
Quando os ossos desconfiguram-se
Desmontam-se e de esqueleto perde a forma
E já não mais sustentam carne, nervos e veias
Se guardando em caixa, mesmo que em cinzas
Ainda distingue-se o DNA
Por alguma razão a eternidade afirma-se
Assim como o sentir que o fogo não lambe.
Casciano Lopes
Desmontam-se e de esqueleto perde a forma
E já não mais sustentam carne, nervos e veias
Se guardando em caixa, mesmo que em cinzas
Ainda distingue-se o DNA
Por alguma razão a eternidade afirma-se
Assim como o sentir que o fogo não lambe.
Casciano Lopes
Como se possível fosse
Vou ali...
Disfarçar com goles de canções antigas
Uma dor que a falta constrói
E já volto... quando tiver aprendido
Desconstruir ausências edificando a mim mesmo.
Casciano Lopes
Disfarçar com goles de canções antigas
Uma dor que a falta constrói
E já volto... quando tiver aprendido
Desconstruir ausências edificando a mim mesmo.
Casciano Lopes
Na minha gaveta
Mora uma estrela, grandezas
Vive um mar, pérolas
Brotam açudes e rios
...E guardo dobradas
A calma da floresta
E a cantiga da chuva
Tudo em meu silêncio sem grito
Ou nos uivos de meus ventos contidos...
Engavetados.
Casciano Lopes
Vive um mar, pérolas
Brotam açudes e rios
...E guardo dobradas
A calma da floresta
E a cantiga da chuva
Tudo em meu silêncio sem grito
Ou nos uivos de meus ventos contidos...
Engavetados.
Casciano Lopes
Proferir
A espingarda com seus tiros, acerta o alvo visto
A palavra com seu fio de corte, sangra o que não se avista...
Um indefeso
O menino que todo homem possui.
Casciano Lopes
A palavra com seu fio de corte, sangra o que não se avista...
Um indefeso
O menino que todo homem possui.
Casciano Lopes
19.2.14
O menino que conheceu terreiro
Lá em casa chamava-se terreiro
Nele, era a paineira que fazia a sombra
E de barro era o forno plantado nele
Pão caseiro, folha de bananeira
Pé de urucum, goiaba e amora
Torrador de café, pilão
Moinho, rastelo e vassoura de palha
Burquinha correndo na terra, pião
Cavalo de pau, sabugo de milho
Bola de meia, pega-pega
Esconde-esconde e passa-anel
Lata fervendo, batedor de roupas
Comadres de prosa no poço, cachimbo babando
Quiboa que alveja, a grama que quara
Cerca farpando os remendos que secam
Cigarra esganiçada, bambuzal que não quebra
Feixe de lenha, poleiro, galo cantador
Porco na lama, ovo no ninho
Moleque esperto e frango gordinho, disputando a vida
Fogueira, sanfona e cantoria
Sapo que desafina, cigarro de palha
Lamparina, toco de vela
Grilos combinados e pirilampos desocupados
Borrachudos atrevidos, tapas e pegada de mão
Donzela de vestido de missa, rapazote de chapéu panamá
O pai que vigia, a mãe que cochicha o caso que conta
Dedo de pinga e lua no pasto... num cheiro de dama da noite
Tudo coisa de terreiro
Meus quintais o tempo inteiro.
Casciano Lopes
Nele, era a paineira que fazia a sombra
E de barro era o forno plantado nele
Pão caseiro, folha de bananeira
Pé de urucum, goiaba e amora
Torrador de café, pilão
Moinho, rastelo e vassoura de palha
Burquinha correndo na terra, pião
Cavalo de pau, sabugo de milho
Bola de meia, pega-pega
Esconde-esconde e passa-anel
Lata fervendo, batedor de roupas
Comadres de prosa no poço, cachimbo babando
Quiboa que alveja, a grama que quara
Cerca farpando os remendos que secam
Cigarra esganiçada, bambuzal que não quebra
Feixe de lenha, poleiro, galo cantador
Porco na lama, ovo no ninho
Moleque esperto e frango gordinho, disputando a vida
Fogueira, sanfona e cantoria
Sapo que desafina, cigarro de palha
Lamparina, toco de vela
Grilos combinados e pirilampos desocupados
Borrachudos atrevidos, tapas e pegada de mão
Donzela de vestido de missa, rapazote de chapéu panamá
O pai que vigia, a mãe que cochicha o caso que conta
Dedo de pinga e lua no pasto... num cheiro de dama da noite
Tudo coisa de terreiro
Meus quintais o tempo inteiro.
Casciano Lopes
11.2.14
Compactante
Um instante, é tudo que temos
Nele, cabe horas e todo o tempo
Cabe naufrágios e sobreviventes
Ele, instante que é, dita o sentido
Nele, cabe a estrada que sabe caminhos
E quem por um instante se empresta
Cabe todo.
Casciano Lopes
Nele, cabe horas e todo o tempo
Cabe naufrágios e sobreviventes
Ele, instante que é, dita o sentido
Nele, cabe a estrada que sabe caminhos
E quem por um instante se empresta
Cabe todo.
Casciano Lopes
6.2.14
Humanoide
Todavia para ser humano
Deverás lutar todos os dias
Contra a própria humanidade
Para fazer valer tua condição humana
Porque esta, é desconhecida de teu grupo.
Casciano Lopes
Deverás lutar todos os dias
Contra a própria humanidade
Para fazer valer tua condição humana
Porque esta, é desconhecida de teu grupo.
Casciano Lopes
Aos que Divinos são
Meus Divinos são de carne e osso como se não os fossem
Sofrem, sem banhar em lágrimas a estrada alheia
Plantam mudas, que em silêncio transformam-se em grandes árvores
Onde se abriga o pedinte e o que não balbucia nem mais uma palavra
Sofrem, sem banhar em lágrimas a estrada alheia
Plantam mudas, que em silêncio transformam-se em grandes árvores
Onde se abriga o pedinte e o que não balbucia nem mais uma palavra
E quando, Divinos que são, sorriem ou abraçam, cabem em seus motivos
Uma multidão de carências e outro tanto de gratidão
Aos que Divinos são.
Casciano Lopes
Aos que Divinos são.
Casciano Lopes
5.2.14
Espaço, velocidade e seu homem
O tamanho da ladeira é proporcional ao da canseira do homem
E a velocidade com que ele caminha está intimamente ligada
Com a vontade do que busca ou com a recusa do que foge.
Casciano Lopes
E a velocidade com que ele caminha está intimamente ligada
Com a vontade do que busca ou com a recusa do que foge.
Casciano Lopes
Eu queria saber voar
Não sei...
Sempre achei que além
Das impuras correntes de ar
Vivesse outra parte de mim
Enquanto aqui só mora
O que me faz aquém
Eu sei...
Hoje que busco o que sabe planar
Eu sei.
Casciano Lopes
Sempre achei que além
Das impuras correntes de ar
Vivesse outra parte de mim
Enquanto aqui só mora
O que me faz aquém
Eu sei...
Hoje que busco o que sabe planar
Eu sei.
Casciano Lopes
O pior trânsito
Não são carros enfileirados na horizontal
São mágoas engarrafadas na vertical
E o motorista podendo ser alado, viver calado.
Casciano Lopes
São mágoas engarrafadas na vertical
E o motorista podendo ser alado, viver calado.
Casciano Lopes
Fim do findo
Finda o homem
Se finda a liberdade
E o fim do mar
Faz finda a estrada
De quem não sabe nadar.
Casciano Lopes
Se finda a liberdade
E o fim do mar
Faz finda a estrada
De quem não sabe nadar.
Casciano Lopes
23.1.14
De posse impossibilitado
Não tenho nada além da fustigação de uns versos
Estes, castigam bolsos e ainda assim
No inverso não me reconheço.
Casciano Lopes
Estes, castigam bolsos e ainda assim
No inverso não me reconheço.
Casciano Lopes
17.1.14
Dimensão
Loucos não são os que enfeitam quintais fechados com bebedouros,
são os que não enxergam os pássaros que atravessam as paredes para matarem a sede.
O não incomodado
Prefiro ser visto como um radical
do que me ver como um acomodado flexível.
Casciano Lopes
do que me ver como um acomodado flexível.
Casciano Lopes
Mortalidade
Os colarinhos existem para se sujarem
O homem tem que saber que é feito de pó.
Casciano Lopes
O homem tem que saber que é feito de pó.
Casciano Lopes
16.1.14
Praiano
Sei que posso pisar a areia
Atirar-me nas ondas
E adonar-me dos ventos
Quando tocam minha pele quente
Mas ainda prefiro pedir licença
Entender-me pequeno
Para poder continuar contemplando.
Casciano Lopes
Atirar-me nas ondas
E adonar-me dos ventos
Quando tocam minha pele quente
Mas ainda prefiro pedir licença
Entender-me pequeno
Para poder continuar contemplando.
Casciano Lopes
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