31.5.22

Esquina de vender gente

Vai além da vitrine
o manequim exposto,
ele viaja pela rua
em estado estático,
ele conversa
com os amigos imaginários
e discute ideias filosóficas
com os pensadores que passam,
que como ele,
independem de passeios,
quando podem fazer do pensamento
sua passarela de caminhar...
Tudo isso,
através do olhar de vidro,
feito de vitrine.

Casciano Lopes

Crime da rua das palavras

Quando o carteiro rasgou o portão lá de casa, empunhado de uma carta, tropeçou nos meus degraus e caiu por cima das linhas afiadas.
Eu, da janela riscada de ansiedade, saudade e pesaroso da queda tudo ao mesmo tempo, balbuciei um endereço pra descobrir o remetente e sem que o envelope respondesse um selo em sinal ao destinatário, achei que era grave.
Me apressei feito telegrama e abri a porta como quem tem pressa de escrever notícia: quando encontrei na varanda uma poça de letras vazando um homem curioso com um envelope rasgado na mão.

Casciano Lopes

Auto das horas

De noite, quando bate em mim o sino da missa,
sou o sacerdote de minha reza,
por vezes me sinto um terço dedilhado
e outras vezes sou os dedos calejados,
mantrando as contas de prece.
Há badaladas tão intensas,
que me sopram do altar
onde estou servindo de vestimenta,
mudam pro chão minhas pétalas
e deslocam o vaso que as amparam
em direção contrária ao lugar que é seguro estar;
e sou o lugar, o vaso e o chão.
Noite tem sempre algo de clamor
e eu me descubro vela e castiçal
de acompanhamento da ladainha...
Ora, o mais importante não é quem sou,
é o que a noite é em mim,
o que ela professa dentro de alguém
que sabe dela como sabe do dia,
importa por quem os sinos dobram.

Casciano Lopes

Toc toc

Quando ele chega à porta da frente,
temos o ímpeto da fuga pela porta dos fundos.
Talvez fosse o caso de recebê-lo,
colocá-lo no melhor lugar da sala,
nos postar diante dele e ouví-lo
até que conclua sua intenção.
Fugirmos é perda de tempo
quando o Tempo nos visita e convida a anfitrião.
Somos todos salas de estar deste ilustre senhor...
Se com anseio e asseio o tratarmos,
talvez ele goste de ficar.

Casciano Lopes

30.5.22

Vacinado de pequeno

Ainda é menino em mim
o desejo arteiro de achar
que tudo no mundo é quintal de casa,
de pensar as feras
como dóceis coelhos da minha toca.
E hoje em posse da minha cartola,
talvez envelheça imune
aos monstros da caverna.

Casciano Lopes

29.5.22

É de contar

As histórias que me descrevem
começaram antes do meu nascer
e meu entorno diz
que não findarão nunca.

Casciano Lopes

Findo

Não é no começo.
Não é no meio.
É no fim que nos conhecemos.
E que finalmente com o conhecimento,
entendemos das tolas falas,
compreendemos das falsas juras.
E percebemos,
que se conhecer é suposição.
Por fim,
não nos conhecemos então,
e isso entendemos por ocasião.

Casciano Lopes

O poema e a sentinela

Dorme a madrugada com seus tons de lua fria,
sem os sons de rua,
que vazia clama o silêncio dos que dormem.
Apaga-se como que por decreto
a velocidade da vontade que se dá por dormida.
Enquanto as luzes cumprem o ofício de vigiar
a porta da cidade e dos que acordam.

Casciano Lopes

Ainda podemos carregar flores

Sim,
podemos transportar aromas em nossa vasilha:
de alumínio novo ou furadinho pelo tempo.
Recomenda-se neste caso
não usar nenhuma espécie de tapa furo.
Essência não pesa e,
caso escape desavisadamente,
no máximo envolverá os desprovidos dela.
Pensando bem,
há recipientes furados em todas as idades do viver e,
neste caso,
concluo que furadinhos não causam danos;
provocam flores.

Casciano Lopes

Máxima crença

Creio na criança que corre na praia como se a areia brincasse com ela.
Creio na andorinha que protege seu ninho dando bicadas no cangote do falcão.
Creio na cama de palha que abriga o lavrador do milho antes que outro dia amanheça.
Creio na batalha que o amor enfrenta todo dia pra convencer o ódio de que não vale a pena a pena de escrever crueldade.
Creio na mãe que amamenta seu bebê sem garantias de que ele um dia entenderá do compartilhamento de pães.
Creio na profecia do sol quando ilumina os homens bons e maus e volta no dia seguinte, porque prometeu.
Creio na poesia que as pessoas que amam escrevem muitas vezes sem uma única palavra, apenas abraçando os que não ganharam um toque de amor de ninguém, nem dos que não criam...
Por isso creio.

Casciano Lopes

28.5.22

Dentro do trem estou

Eu podia não fazer nada...
Poderia não elaborar
e haveria motivo pra apatia.
Mas isso,
me transportaria pra 'terra do não'
e comprei o bilhete antes de nascer
pra terra do sim.

Casciano Lopes

Prefiro a dúvida absoluta

Convicção quase sempre é castigo.
No campo das ideias,
a busca é movimento
e o encontro é paralisia.

Casciano Lopes

Poesia líquida

Ainda encontro um jeito
de fazer o rio nadar o peixe
e de surpeender uma garça
em traje de banho
preparando seu mergulho.

Casciano Lopes

27.5.22

Do nome da rosa

O espinho da rosa é só dela,
o perfume é de toda gente.

Casciano Lopes

Pecado é calar

A oralidade da reza vem;
a santidade pode baixar em mim,
no pomar do terreiro,
na ave do poleiro,
no porteiro do prédio,
na semente do chão
ou na flor que cresce no passeio...
No espinho só seu
ou no perfume doado inteiro.
Não é blasfêmia ser santo
e ver santo cada instante;
é altar o poder de falar
e de dar voz aos deuses.

Casciano Lopes

Poeta noturno

A gente carrega na pele o que era pra ficar escrito, o que merecia ser dito e aquilo que os dias se recusaram a apagar.
A gente cai em desuso se não sorri da vida e pra vida; da própria vida.
E em posse delas: da vida e da pele antes que se rasguem e se percam entre os retalhos da biblioteca, é preciso virar riso dentro dos artigos evidenciados nas linhas da gente.
O lábio e o olhar de uma face sisuda, poderão ser interpretados como um borrão na leitura do livro pessoal que viemos escrever.
A gente precisa saber que sim, a pele rasga; a história não...
E se estiver borrada, ninguem lê.

Casciano Lopes

25.5.22

Vertical

Na esfera de inspirante,
derrubar a cabeça é esperado,
mas o que contará como digna essa espera,
é a capacidade de retomada da postura aspirante,
da ponta do nariz na linha do horizonte;
e é o que fará a diferença
enquanto o respirante
não alcançar o mérito de expirante.

Casciano Lopes



24.5.22

Cinquenta mais um

Os que acreditam
estão em maior número
e isso basta
pra fazer do caos uma estrela.
E então sigo,
tornando habitável um corpo,
não porque seja de carne,
mas de coragem num mundo capaz.

Casciano Lopes

22.5.22

Desértica vista e a capacidade

Os desertos despertam calangos em nós,
desertos que cavam nossas areias ferventes
e despertam nascentes,
onde de cócoras nos saciamos
pra que não morramos...
Nós e os calangos,
espécies de sobreviventes.

Casciano Lopes

Elementar

Tem os rios,
as pedras necessárias para a firmeza de seu leito.
Tem os ventos,
as paredes necessárias para compor as melodias do assobio.
Tem os campos,
as montanhas necessárias para murar os refúgios da inspiração.
Tem as labaredas,
o calor necessário para espalhar o lume no caminho da procura.
Tem sempre uma emoção no bolso da razão.

Casciano Lopes

Nada subordinada

Acreditar
ainda é
um verbo
com poder
de
mudar a oração.

Casciano Lopes 

20.5.22

Mundão de rir é mar

Não posso esconder
numa caixa de lembranças,
a lágrima.
Ela corre,
é liquida.
E de papel é a caixa
como de barro é a face,
vira lama o leito de correr.
Absorve toda água
antes que chegue aos pés,
antes que atinja o mar.
Comportas não há pra barrar.
Essa represa que de vez em quando,
faz cortina na janela de olhar,
há de estiar como chuva que passa
pro sol chegar e aí...
Vem sorriso que é um mar
sem nem precisar chorar.

Casciano Lopes

19.5.22

Reserva em verniz

Minha mesa ficou arranhada por tua dicção,
tua versada capacidade de locução
ainda diz verbos pras cadeiras
que elas pesquisam pra encontrar uma definição.
Os lugares de minha casa
foram definitivamente ocupados
e a mesa está sempre reservada.

Casciano Lopes

Diacrítico

Sentado em minhas lembranças,
encontro quem passou
e quem ficou do meu lado de dentro.
É claro que tateio os lugares vazios
e cheios de memórias simultaneamente,
é claro que o lenço não dá conta da ausência!
Mas,
também é certo que o assento dentro de mim
ficou pra sempre ocupado
e ganhou acentuação todas as minhas sílabas desde então,
de forma que tudo que hoje sai de mim
tem a força da palavra bem acompanhada.

Casciano Lopes

Amanhã, hoje não

Sempre que fico triste,
me lembro que a tristeza
não é casa de morar,
no máximo é uma pousada
de passar a noite.
E quando levanto a cabeça
junto com o corpo de manhã,
encontro sempre acima
de minhas passageiras necessidades,
motivos pra alegria.
É quando faço as malas
e entendo que terminou o lamento
e volto pra casa onde de fato moro...
feliz.

Casciano Lopes

Afetado por ondas

Quando vi
Quando o mar
Quando era noite
Quando a primeira vez
Quando o som das águas
Quando bateu de costas em mim
O som nunca mais fugiu, do mar inteiro
No inteiro de mim.

Casciano Lopes

18.5.22

Dormida cumprida, ou não

Depois da tarde,
depois das 18 horas,
depois do findo espetáculo em praça pública,
depois da maioridade das vontades,
depois da maturidade das promessas...

Vem o fim do movimento em cena,
vem e encena dentro da gente o desejo:
negado ou permitido,
a fome e a sede misturadas;
sem noção de saciedade.

Aí nosso peito feito cais,
ancora as perguntas e se joga até o fim da noite,
buscando uma ponta de praia de respostas,
onde possamos nos dar por fim,
uma explicação antes que seja tarde pra dormir.

Casciano Lopes

Fragrância indiscutível

Poderá um frasco de perfume, de vidro ou plástico, elaborado ou simples, grande ou pequeno, frágil ou forte... passar a vida, antes que se quebre, que se esvazie ou que se torne descartável, lutando contra seu conteúdo, revoltado com a fórmula que o preenche, discutindo o aroma que o permeia?
Poderá?
Poderá.
Só precisa saber a embalagem que sua função é a de armazenamento e não a de questionamento.
Um perfume não deixa sua essência em função do olfato do compartimento, ele não quebra o pacto a que se destina, não pode negar sua missão de inebriar de conteúdo seus meios... E essa façanha desafiante, começa por aquele que o contém.

Casciano Lopes

17.5.22

Os contrastes formam um dia inteiro

Ainda há sombra quando há luz,
por isso cuidemos depressa do nosso sol particular,
cuidando não deixar o sombreado
sem um toque de vista.

Casciano Lopes

Parlamento

Não fosse o olhar, o governador de tantas cidades,
talvez se perdesse a paisagem
dentro das burocracias de outros parlamentares.

Casciano Lopes

Lentidão permitida

Dois corpos se chocaram na marquise de um prédio.
Assim me contou um andante daquela calçada.
Eu, que longe da cena estava, entendi:
a pressa esbarrou na calma,
já que soube que um deles estava parado na observação.
De modo que fica estabelecido
a partir de então naquela via,
multa de redução de avistamentos
pra qualquer desavisado
que ultrapasse os limites da contemplação.

Casciano Lopes

Em face dele

O tempo é coisa que corre no canto do olho,
não raras vezes,
senta-se sobre a cabeça e põe-se a observar,
brinca nas adjacências dos lábios
e ensina o silêncio enquanto vinca o barulho dele próprio,
o tempo.
Ele cala em nós a velocidade,
como se com isso dissesse:
ande devagar,
aprecie a pele que veste cada ida,
assim como visto a pele de cada volta,
assim é possível a troca de pele.
É coisa de tempo.

Casciano Lopes

16.5.22

Deixa a onda cuidar

Fui juntando o que não tinha palavras...
Um risinho bobo aqui,
uma saudade sem abraço ali,
uma olhada de soslaio acolá.
E uma piscadinha tímida
com jeito de amanhecida feito pão dormido,
guardei pra amanhã.
Enfim,
a água salgada do meu poço
deixei bagunçada mesmo,
é feito mar, não compensa arrumar.

Casciano Lopes

Gestos largos

Quando sorrir,
sorrias devagar...
Há quem precise medir
A largura de teu sorriso.

Casciano Lopes

13.5.22

Lugar de prece

Já morei num quarto, pequeno e grande; já morei.
Passei por casas médias, confortáveis e espaçosas. Outras apertadinhas sanfonavam aconchego.
Vivi em porões e alturas; módulos em casas, apartamentos e assobradados.
Da chave do portão ao serviço de abrir e fechar; já tive.
Em endereços de casas grandes residi e entre jardins já fiz quintal onde colocava as roupas no varal.
Já mudei de rua e cidade, já dividi banheiro e silêncio... Sim, já fiz; de edícula um castelo e templo, de morar e de consagrar.
Mas de verdade, onde rezei, foi dentro de mim, onde sempre morei primeiro, em meu lugar derradeiro.

Casciano Lopes

Bate cara

Onde começa?
A certeza que não tem resposta,
a dúvida que não sabe perguntar.
Onde?
A dor sem mapa de leitura,
a pressa sem relógio e sem pulso,
a vista cansada sem cadeiras pras meninas.
Começa quando?
A sombra em que descansa o pensamento,
as águas em que banham os lamentos,
a grama em que se deita pra descansar
o recreio dos que brincaram de esconde-esconde,
onde?

Casciano Lopes

Foco em foto

A vida corria sobre a pequena mesa;
os galhos secos de outonos antigos no quintal,
contavam casos e que pássaros neles pousados,
ouviam e musicavam com afinada observação.
Apolo, um barbudinho de gorro verde,
sempre disposto pra fotografia,
cuidava da cena, zelava da entrada de luz
e fazia do cenário um trecho estático no movimento da vida;
que corria.

Casciano Lopes

Pensa(dor)

Pensando aqui...
Onde é que a saudade vai dar?
Porque será que a gente é tão feito de abraço...
Me diga!

Casciano Lopes

12.5.22

GPS de mim

Um lugar de morar precisa caber sonhos.
Precisa ser bem dividido o espaço entre sono e insônia,
pra que em qualquer cômodo caiba a capacidade de sonhar,
mesmo que acordado.
Que não falte corpo,
que seja de carne e espírito a cama de se deitar,
de nervos e ossos as colunas de se apoiar,
de amor e intuição o teto e o chão de abrigar;
Tudo isso dentro de quase nada...
Um endereço de morar.

Casciano Lopes



Compota de troca

A doçura não atravessa a rua sozinha,
feito criança miúda precisa de mãos.
Até de colo cedido pela atenção 
necessita pra continuar doce, a doçura.
E se o fluxo estiver amargo feito horário de pico;
dar chance ao mel pode ser um remédio adocicado
pra sarar a falta de travessia.

Casciano Lopes

Paladar visto, temos nosso próprio tempo de ouvido

Mastigando o tempo com um jeito calmo de olhar, sem pressa de passar e se demorando nos pratos elaborados; é possível a memória dos sabores, o olfato dos temperos e a intuição da louça usada no serviço de servir; sim, até a audição é capaz de perceber o ritmo dos talheres no burburinho dos convidados em volta da mesa.
Estar atento, requer mais do silêncio nas ruas dos olhos, que das buzinas nas avenidas da boca.

Casciano Lopes

Vontade sem cela

Há sim,
grades que meus olhos podem tocar,
como há aquelas escondidas da retina,
que só podem ser tocadas
pela coragem da alma.

Casciano Lopes

9.5.22

Asfalto em lâmina d'água

Ainda arrumo um tempo
pra brincar a chuva
que não choveu.

Casciano Lopes

Atrás da lona

Hoje eu queria exagerar no palco,
carregar nas tintas do rosto,
colocar minhas calças largas e os sapatos bicudos,
puxar pra dança minha peruca colorida
e dedilhar o riso por meu suspensório...
Mas é meu dia de folga.

Casciano Lopes

Mesa posta

Caminhos feito de amor e cuidado,
moram com a gratidão,
vivem na alegria como coisa séria
e todos os dias tomam café aqui em casa...
Talvez por isso,
o viver sempre encontra jeito
quando vira beco o caminhar.

Casciano Lopes

Uma super Mãe

O que eu dizia pra senhora,
o que eu contava e confessava...
Era só ali,
naquele confessionário
feito de ouvido e coração de mãe.
Nunca perdi meus medos
com tanto desprendimento,
como quando a senhora
colocava sobre eles o seu olhar.
Nossa distância,
hoje de mundos,
me leva pra morar na infância,
onde éramos todos eternos;
eu, a senhora e o nosso lugar sem medo...
Num mesmo mundo.

Casciano Lopes

7.5.22

Dado ao segredo daquela água, o gosto que ainda cura

Fui menino de benzedeira.
Tinha tardinha, que de banho tomado e de cabelinho penteado no trim, minha mãe me mandava na casa de Da. Cândida, rezadeira 'das boas'.
Lá ia eu, benzer pra desvirar o ventre, quebrar o quebrante ou quem sabe... Espantar a criança assustada.
Com sorte grande, quem sabe aparecesse os três diagnósticos no chumaço de ervas, me possibilitando alguns dias de idas mágicas na benzeção tomar água de carvão abençoada com meia dúzia de palavra da véinha, ditas tão cochichadas que até hoje, procura ouvir minha audição.
Ah, talvez fosse esse o segredo da cura... O cochicho da reza, como de quem falava com o carvão.
Talvez o mistério de hoje, more num fim de tarde, entre casinhas de madeira, de lenço na cabeça, sentado numa cadeira bamba e atendendo a porta de terço e arruda na mão.

Casciano Lopes

Ainda não sei a história

Pode ser que o sapo do caminho da fazenda,
só estava querendo me contar mais um 'causo'
dentre tantos que por lá ouvi,
quando me tocaiava com seu coachar.
Porque será que eu tinha medo?
Será que era do sapo
ou do que ele tinha pra me contar?

Casciano Lopes

4.5.22

Acesa existência

A gratidão deve chegar antes da reclamação,
da obrigação de dar tudo certo,
da narrativa de super poderes.
É só através da percepção grata de quem sou,
que posso sentir e vibrar tudo
que vive em mim desde sempre.

Casciano Lopes



9 de maio nosso particular

Ainda bem que a vida
nos prepara anjos na terra,
capazes de nos voar por inteiro
quando precisamos de céu.

Casciano Lopes