19.12.22

Atravessar

Fui deserto e quando fui, caminhei na busca de oásis e quando achei, não sentei pra beber toda sua água; enchi o cantil pra saber ser deserto sem perder as pernas de andar por ele. Não atirei o corpo dentro dele; quase regato, só pra não me acostumar, apenas molhei o rosto pra seguir sabendo não ser só meu aquele refrigério todo e pra que a canseira do meu olhar descansasse da poeira sem esquecer que outras areias me soprariam contra dunas ou planícies e que importante era o cantil, que ao longo da paisagem bruta ou quente, ele importaria mais que o esqueleto, pois cheio garante a vida e vazio se enche de esperança, buscando o motivo pra garantir deserto; que vivo hospeda oásis esperando só pés com vasilha nas mãos de molhar o rosto de busca.

Casciano Lopes

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