17.12.22

Carteiro de meu correio

Um dia sentei pra escrever, de minha escrivaninha mandei notícias; falei das fases da lua de minhas noites, contei das madrugadas enluaradas e das escuras horas sem brilho, descrevi as fogueiras que fiz a partir de minhas crenças e quase consegui pôr som nos barulhos que ouvi sem vista de identificar o que quase conseguiu fazer fugir a coragem junto com o sono que escapou.
Amanheceu e quando li o que pra mim mesmo escrevi, entendi que o que a gente conta pras solidões da nossa rua, elas dizem pro dia que envelopa, sela e posta antes da lua... E quando leio sabendo ser meu próprio destinatário, digo palavra única: sobrevivi.

Casciano Lopes

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