Belguimon, passava a vida entre a existência da palavra dita e a persistência da calada.
Compunha em folhas de arbustos suas canções, e cantarolava na grama pra testar o retorno.
Temeroso, fugia do grande público.
Elas persistiam em silêncio, as palavras já musicadas... Ressentidas palavras que queriam existir mais que insistir.
Até que um dia, os olhos descuidaram-se, as letras todas juntas, escalaram as cordas e precipitaram-se vogais, juntaram-se e pelos olhos vocalizaram-se, disseram todo o calado segredo e desde então, a vida passou a ser mais persistência que existência e assim, mesmo quando finda, finda muda...
Mas dita.
Casciano Lopes
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