1.2.23

Tocando ontens, reverenciando hoje

Quero manter o tempo da contemplação...
Sem saudosismo, sem lamento ou melancolia.
Porque a memória guarda o riso da fotografia
e que bom que descarta o choro e esquece a ironia.
Guardo com apreço cada vista da viagem,
os embarques e desembarques todos.
Hoje cada parada de viajar é portal
que me teletransporta no tempo
sem segundos ou minutos,
contando só os momentos sem relógio
porque gentilmente se esqueceram de passar
justificando cada pulsar do meu pulso,
que desconfio, sem horas.
Penso ser muito agraciado
por ter inúmeras vezes a sensação
de tocar no tempo e sua obra;
quando viajo hoje, dentro da lembrança,
vou sentado mesmo,
porque a posição do corpo é desprezível
se vive no olhar as rodas do que viu,
que movimenta o moinho de produzir
motivos pra viver todo dia.

Casciano Lopes


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