13.2.23

De volta ao passado

Somos observadores de nós mesmos; observem que os bebês passam horas encantados com suas mãos e dedinhos, namorando seus pés... Observam.
Com o passar dos anos, vamos nos deixando de lado e quase que por excesso de espelho passamos a olhar o outro, que quase sempre: é mais feio, mais descuidado, mais inconveniente, mais...
Há um tempo em que voltamos pra nós; uns ainda com possibilidades de melhorar os danos do espelho, outros ajustam suas molduras e se dão por felizes, para tantos outros não caberá nem mais a pergunta: '"espelho, espelho meu".
Ocorre para todos, o tempo da canseira... Das saudades que só aparecem às segundas e terças-feiras, das que desaparecem nas sextas e da escolha das palavras cansadas dos anos, que vestem uma frase, mas que não surtem efeito num discurso.
Chega um tempo carente de análise; das avarias que sofremos e dos descasos que cometemos conosco... Em que precisamos voltar pra observação de nossos dedos, não mais tão pequeninos, agora crescidos e que precisam se voltar pra apontar nossas qualidades sem esquecer nossos defeitos e que dê tempo de usar as mãos pra acariciar nosso espelho.

Casciano Lopes


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