18.2.25

De quem orquestra e orquestrados

Gosto também da dança sufi, os dervixes em transe absoluto me encaminham através da observação ao estado do pensamento do nada.
Gosto da música clássica, da ópera que sabe me dizer lágrimas, sem que os olhos consigam dizer palavras, diante da impossibilidade de desatenção perante o altar da música, onde quase se aprende a rezar de tanta devoção.
Gosto do canto gregoriano, de corais, e também dos étnicos alívios que me causam as danças tribais, as manifestações de humanidade em corpos tão cheios de divindade, que mais parecem deuses pintados de gente comum dançando.
Gosto das harmonias, de duetos, trios, quartetos e quintetos, que se unem para explicar a razão da emoção, que emocionam a dureza de tudo que exige explicação.
Por fim, gosto do que faz a vida, quando dança e canta para dizer que é uma festa estar dentro de um corpo e, vivendo como humano, poder experimentar o milagre dos santos, a sacralidade de brincar com os ouvidos, de ouvir o encontro dos ventos com as águas, da terra que pulsa com o fogo que estala.
...Tudo junto, numa partitura escrita na pele que recobre o espanto da alma.

Casciano Lopes

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