10.1.12

Caminhos

O pior dos caminhos é o solitário
O faltante da mesa
O caminhante que não chega
A refeição só
O pão só
A sede da garganta
A falta de com que molhar
A velha cadeira abandonada
O balanço sem corpo pra impulso.
O pior dos caminhos é o escuro
Tateando cego os espinhos
As serpentes esmagadas ou não
As trombadas sentidas e não vistas
As lágrimas brotadas sem vistas
Os joelhos cicatrizados do embate
O combate das guias, dos guias e sinais
Fechados, cerrados, nunca abertos.
O pior dos caminhos é o desequilibrado
Os tombos públicos não acudidos
A sepultura viva dos cárceres
A lápide que sela em vida um ser
As correntes que crucificam loucos
A perseguição do entorpecido
O enjaulado dos quartos em porões
O delírio dos que perderam suas próprias escrituras.
O melhor dos caminhos...
Se deixar ferir sem nunca perder a consciência do bem
Permitir uma ferida, só até onde consiga a cura
E nunca faltar pão, muito menos com quem dividi-lo.


Casciano Lopes

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