10.1.12

Água de luto

A tempestade veio banindo num assobio
A luz do dia e as folhas secas da estrada,
Regendo ventos que num crescente
Passaram de calmos e rasteiros para bravos e ceifeiros,
Deixando árvores como arbustos e estes como grama.
O céu já não mais tomado de seus azuis
Deu lugar ao arroxeado sem estrelas
Que logo se enegreceu de luto,
Sem pedir licença, desceu à lavar toda lua,
Todo o sol. Enquanto se desmanchavam nuvens,
Pássaros de penas e de aço banhavam-se
Na imensidão de águas doces de mares suspensos,
Enquanto no fim da queda, quebravam suas ondas
No pasto que se embebedava ou no rio que transbordava.
Numa encruzilhada de terra batida já sem sua relva,
Três figuras imóveis observavam o desmantelo:
A santa branca do caminho,
A cruz de estacas fincada
E a lembrança que plantou a cruz.


Casciano Lopes

Um comentário:

  1. Como dizia um outro poeta: "Quando voce olha para um lado, olha para o outro e não vê mais nada, pensa - Tudo está perdido! Mas quando voce chega nesse ponto, ve que na vida, nada está perdido! Por mais tenebroso que pareça o momento, devemos lembrar sempre, é apenas um momento. E, momentos passam... Parabéns Poeta!

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