Não ouvi a sua língua
Não vi seu mundo
Não passei por sua oca.
Sem o verde das matas
Sem lenha ou tora
Sem fogo, sem barro
Sem seios ou rituais.
Sem face ou tintas
Sem caça e música
Sem meninos na cintura
Sem mitos e "Deuses".
Sentada, bem ali, na passagem do "cidadão civilizado", numa rua qualquer do bairro da Lapa, da grande cidade que recebe o nome de São Paulo, estava ela: uma linda índia, pele de índia, cor de índia, de cócoras como uma índia, os traços eram indígenas.
Só não era de índia: a roupa maltrapilha que usava, o chão de concreto que pisava. Não era de índia: os brancos que a ignoravam. Não era indígena: a vergonha do país, as poucas moedas que estavam ali numa vasilha substituindo os típicos pratos feitos de cócoras lá na aldeia.
Não era indígena!
Não era indígena!
Não era coisa de índio...
Sem arco e flecha...
Sem cacique...
Sem água doce...
Era coisa de Brasil!
Um país sem herança...
Sem cores...
Sem memória...
Sem vermelho na terra...
Coisas de Brasil.
Casciano Lopes
Em meados de janeiro deste ano [2012] recebi, por e-mail, um convite do jornalista romeno DANIEL DRAGOMIRESCU para seguir o blog de uma revista multicultural (CONTEMPORARY LITERARY HORIZON [Horizonte Literário Contemporâneo] Official media partner of MTTLC, University of Bucharest) que reúne escritores de todo o mundo, apaixonados pela cultura contemporânea. A HLC é uma revista independente e publicada em quatro idiomas, Romeno, Inglês, Espanhol e Português e conta com o apoio da Universidade de Bucarest.
Na mesma ocasião, Daniel, o editor chefe da revista, solicitou que eu contribuísse com um trabalho para a revista. Enviei o poema [Brasil sem herança] que transcrevo abaixo e que fala de uma faceta da nossa cultura onde vemos elementos e personagens étnicos deslocados e desvalorizados em nosso meio, especialmente o urbano que devora o natural. Esse poema foi publicado no número 1 (27)/2012 da HLC em português e romeno.
Na revista on line é possível conhecer o trabalho de outros poetas e escritores brasileiros como: Oziella Inocêncio (jornalista e colaboradora da revista, de Campina Grande), Vogaluz Miranda (de São Paulo), entre outros. Para quem quiser conhecer e prestigiar o bonito trabalho desenvolvido pela equipe da HLC basta acessar http://contemporaryhorizon.blogspot.com. Vale a pena.
Pois é, meu caro. Quando descobriram o Brasil, encontraram aqui milhares de olhinhos assustados, (ah! eram olhinhos de gente). Ao desembarcarem a primeira ordem foi: "Cortem aquela arvore.... (era a mais bonita) e façam uma cruz. Ai rezaram a primeira missa....
ResponderExcluirOs índios não eram considerado gente. Pra eles brancos... Até hoje não são considerados, nem indios, nem negros, nem nordestinos, nem .......