27.1.23

Esperando eu na calada noite

Quando me espero na madrugada, quando passo café pra ajudar esperar, quando na sala quase adianto as horas pra me encontrar e sento no sofá feito banco de estação esperando o trem chegar; ouço nos trilhos o aproximar.
Sinto de longe os vagões se esfregando no ferro, produzindo ritmo de chegada e eu, espero uma locomotiva que me traga; uma composição que me compreenda entre o primeiro e o último carro de gente; espero um aviso do bilheteiro dizendo que cheguei ao encontro; vou na estação me procurar na multidão feita de agonia e me tomarei de assalto como faz uma vontade e será como o sol quando chega, que abraça a noite e a engole toda.

Casciano Lopes


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