30.1.23

O que eu diria pra mim?

Eu pediria tempo pra aquele menino; pra demorar-se mais nos abraços, pra que se gastasse menos nas certezas, pra que acolhesse mais as perguntas sem a obrigatoriedade das respostas, pra que não se demorasse tanto nas vontades e que se esquecesse das horas quando as realizasse e que realizesse todas, até pra que custasse passar; porque passa e bem nos ouvidos dele eu diria sobre a perenidade, inclusive dos sentimentos. Contaria do mal e do bem que convivem travestidos o tempo todo, do que finda e do amor que nunca acaba.
Falaria, por fim, de quando diminuem os passos e pediria a ele: corra menino, corra muito, pelo riso ou pelo vento simplesmente, porque a vida escapa e o presente é passarinho nas mãos que voam.

Casciano Lopes



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