6.1.23

Inteira poesia

Eu vi um poeta correndo...
Ele era um com a água do meio-fio durante a chuva, era um com a sequidão do sertão que soprava quente o sertanejo da espera e um com a pedra topada saindo rolada em busca de abrigo que coubesse a pedrada.
Eu vi o poeta...
Meio homem, meio bicho nervoso, meio empacado feito teimosia, meio anjo, meio céu de aviões e por vezes meio pista longa de aeroporto e outras chão curto de brecar os trens de pouso.
Só era inteira a poesia que ancorava o homem, o destituindo de carne e o fazendo de letras.

Casciano Lopes

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