Não, eu não tenho superpoderes; sou frágil diante da dor, áspero diante da injustiça, medroso diante da incerteza, agressivo diante da ameaça, intempestivo diante do cinismo, arredio diante da hipocrisia, insensível diante da tolice, indiferente diante da prepotência, irônico diante da falsidade, ardiloso diante do egoísmo, ácido diante da neutralidade, bruto diante da covardia, rude diante da preguiça e cruel diante da mentira.
Por fim, sou de carne e osso diante do tempo, passando por ele e querendo ficar, buscando sabedoria e iluminação nas suas vagarezas, tendo que lidar com minhas ignorâncias e sombras vorazes e cheias de pressa.
E na verdade, nessa disputa entre eu e o tempo, não tenho a pretensão de ser vencedor, sei bem que é dele o 'superpoder', só quero que quando eu terminar de por ele passar, ele, tempo, tenha de mim o que contar, porque no fim da linha pessoal cruzada com a dele, o que contará não será o herói que vendi pra mídia, será o quanto consegui com ele dialogar dentro de minhas fragilidades e atitudes nada heroicas, não escondendo minhas inconsistências, mas tendo honestidade com minha humanidade, sabendo ser um simples homem e um homem simples, que não passou impune pela experiência frente ao seu infinito tempo, mas que se doeu inteiro porque por ele passava.
Casciano Lopes
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