Suado na bolsa o lenço sujo
Perfume ardido de sol castigado
Marmita guardada sem ossos
Garganta ressequida de nascentes
Bolso vazio, furado de perder alegria
Quase preguiça, mas é de cansaço
Vem caminhando pernas inchadas
Olhos sem pálpebras, brancos de medo
Procura no cós sua gordura
Escondida na manga sua amargura
Seus calos sem pagas
Seu couro sem sombra
Voz sem as cordas da agonia chorada
Nascida, crescida, virada sertaneja
Lampejo de gente
Sem dente, sem documento
Procura na fé sua credulidade
Descobre na pobre lebre matada
O sono da noite
De trabalhar mais um dia.
Casciano Lopes
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